De Keizer para Pontes

Marcel Keizer chegou ao Sporting como um completo desconhecido, um treinador sem currículo descoberto nas Arábias por um médico amigo do Presidente, mas que teve uma entrada de Leão com uma serie de vitórias consecutivas e em Janeiro o Sporting ganhou a Taça da Liga .

Falava-se então no "keizerball", mas eu não fui daqueles que ficaram deslumbrados com as goleadas dos primeiros jogos do holandês, no entanto bastaram as derrotas em Guimarães e em Tondela, para que Keizer, quiçá influenciado pela lenga-lenga da genialidade dos treinadores portugueses que iriam rapidamente desmontar aquela novidade holandesa, foi mudando a sua forma de abordar os jogos.

A vitória na Taça da Liga terá convencido o holandês de que aquele era o caminho, mas seguiram-se alguns maus resultados que afastaram a equipa da corrida pelo título e levaram à eliminação nas competições europeias. No entanto na ponta final da temporada as coisas melhoraram e a equipa terminou a época com a conquista da Taça de Portugal, o que deu o salvo conduto a Keizer para a temporada seguinte.

A pré-época e principalmente os 5-0 da Supertaça esgotaram o capital do holandês que na verdade nunca convenceu ninguém, embora fique a ideia de que ele não foi lá muito tido nem achado para a preparação da nova temporada, pelo que atendendo às circunstâncias o balanço final da sua passagem pelo Sporting terá de ser considerado positivo, embora se percebesse que não ia passar dali.

A derrota em casa com o Rio Ave foi apenas a gota de água que faltava para o despacharem, mas não havia trunfos na manga e a solução encontrada foi uma espécie de cópia daquilo que o Benfica fez na época passada com Bruno Lage.

O arranque fulgurante de Leonel Pontes na equipa de sub-23, com 5 vitórias em 5 jogos, valeu-lhe esta oportunidade que Frederico Varandas definiu como uma missão sem prazo, mas que eu me atrevo a prognosticar como curta.

Em primeiro lugar porque o plantel deste Sporting não permite grandes feitos, eu diria mesmo que estamos pior do que na temporada anterior, pelo que muito bom seria se ganhássemos umas tacinhas e depois porque o currículo de Pontes não é mais animador do que era o de Keizer, isto sem esquecer que os frutos da Academia que por lá temos ainda estão muito verdes.

Oxalá eu esteja errado, mas não faltará muito para que aterre um novo treinador em Alcochete, resta saber se há alguém de jeito com vontade para se sujeitar a uma missão tão árdua quanto aquela com que se vai deparar.

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