Pacto de não agressão

Marcel Keizer andou dois meses a levar com a teoria da genialidade dos treinadores portugueses, supostamente os melhores do mundo a engendrar estratégias para contrariar o futebol das equipas adversárias, tudo isto porque trouxe para Portugal uma espécie de novidade, de ter ele próprio a sua filosofia de jogo centrada num futebol virado para a baliza contrária, fiado essencialmente na superior qualidade dos seus jogadores em relação aos adversários.

As derrotas prometidas lá apareceram, até que chegou à altura de um confronto com um rival a sério, pelo que o treinador holandês resolveu mostrar que também ele sabe montar uma equipa a jogar à portuguesa e no final do jogo não resistiu à tentação de salientar que afinal o "seu" Sporting também sabe defender.

Já Sérgio Conceição mostrou-se agastado com essa alteração de estratégia da parte do seu colega. Tinha tudo montado para aproveitar as habituais baldas que a defesa do Sporting vai dando todos os jogos e foi surpreendido com um Sporting mais fechado. Esqueceu-se foi de dizer que aceitou a "proposta" para o zero a zero e nada fez para o mudar.

No fim as oportunidades de golo foram quase inexistentes, a mais flagrante resolvida com uma excelente intervenção de Renan, que lá vai desmentindo a minha teoria de que o Sporting precisa de um guarda redes, enquanto do lado contrário os remates de fora da área foram o maior perigo, embora Bas Dost também tenha tido uma ocasião em que podia ter feito melhor, o mesmo acontecendo com Marega, que também tinha a mira desafinada.

Enfim, foi um Sporting com muito respeitinho e um FC Porto acomodado em zona de conforto, isto sem esquecer uma arbitragem defensiva que apitava a tudo o que caía e com um critério disciplinar muito apertado, o que depois dá no que deu, pois quando chegou à altura de mostrar os segundos amarelos eles lá ficaram na algibeira para não se estragar o jogo.

O resultado esse só podia mesmo ter sido um zero bem redondo para cada lado, mas não foi por isso que o Sporting ficou praticamente afastado da corrida pelo título, o verdadeiro problema foi em Tondela , aí sim era obrigatório e uma obrigação ganhar.

Agora podemos dizer que Marcel Keizer deveria ter arriscado e os mais românticos dirão que preferiam perder lutando para ganhar, do que aquele empate sem sal que não atrasa nem adianta, mas a realidade talvez seja outra e esta equipa provavelmente não dá mesmo para mais.

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