Futebol à portuguesa, concerteza

Os portugueses sempre foram um povo virado para a emigração, uma tradição que nos últimos anos alastrou ao Futebol, não só em relação a futebolistas, mas também no que diz respeito aos treinadores, talvez porque José Mourinho chegou a ser considerado o melhor do mundo, abrindo portas para outros, muitos dos quais também tiveram sucesso além fronteiras.

Criou-se assim uma espécie de mito que define os treinadores portugueses como verdadeiros génios das tácticas, formados numa escola de artimanhas que não tem espaço para os estrangeiros incapazes de compreenderem as chamadas especificidades do futebol português, que perduram desde o tristemente célebre ferrolho dos anos 50/60, até aos nossos dias, onde continuamos a ver equipas que jogam com duas linhas bem juntas à frente da baliza, apostando depois na velocidade de dois ou três jogadores mais avançados e nas bolas paradas.

José Mota é um desses treinadores especializados em não deixar jogar e que para além disso consegue incutir nas suas equipas o espírito guerreiro que o caracteriza e foi assim que o seu Aves se apresentou ontem em Alvalade, secando as fontes do jogo do Sporting, de tal forma que na 1ª parte nem se deu por Bruno Fernandes, enquanto Wendel andou sempre perdido.

Tudo corria à mil maravilhas ao Aves e até o golinho obtido na sequência de um livre caiu como ginjas na estratégia de Mota, só que Vítor Costa estragou tudo ao cometer um penalti estúpido e logo veio ao de cima o carácter azeiteiro do Zé, que naturalmente acabou expulso.

Depois tudo correu na perfeição para o Sporting, que virou o resultado em cima do intervalo, fez o 3-1 logo a abrir a 2ª parte e matou o jogo logo a seguir à expulsão de Marcos Acuña, que poderia ter dado um novo alento ao Aves, mas a verdade é que estas equipas sabem muito bem o que fazer até à altura em que é preciso correr atrás dos prejuízos. Daí para a frente a coisa complica-se.

Foi pois a primeira lição do futebol à portuguesa dada a Marcel Keizer, que desta vez correu bem, mas que deve ser aprendida, porque não vai ser sempre assim, pelo que há que encontrar antídotos para os os aves e os motas que aí vem, e jogar muito mais do que se jogou ontem e já agora explicar a Marcos Acuña que ele não está na Argentina.

No final tivemos um triste espectáculo do azeiteiro que com aquela cara de quem quer bater em toda a gente, nos presenteou com um longo chorrilho de disparates, garantindo que se o árbitro tivesse marcado os dois penaltis que ele reclama tinha ganho o jogo. Pudera assim também eu. Queria era ver o que é que ele diria se o penalti marcado a favor do Sporting fosse tão inexistente como os dois que ele viu. Mesmo assim foi a muito custo que ele lá reconheceu que a falta de Vítor Costa existiu, mas teve o descaramento de dizer que tinha sido expulso por bater palmas à sua equipa. Enfim deve pensar que somos todos tolinhos.

Como se tudo isto não bastasse ainda veio com aquela conversa do treinadores portugueses serem muito bons a anular as ideias de jogo dos outros, pois passam horas a estudar os seus adversários e são muito perspicazes, pelo que perspectivou grandes problemas para Marcel Keizer, que obviamente não tem essa escola toda onde este Mota se formou. E ainda bem, porque de mestres da táctica já estou eu farto.

Para fechar este capítulo devo dizer que não sei o que é que a sala de imprensa de Alvalade tem, mas a verdade é que os treinadores e dirigentes dos clubes adversários assim que por lá passam parece que se enchem de força e desatam a disparar de uma forma como não os vejo fazer na Luz, ou no Dragão, o que não deixa de ser interessante.

Voltando ao futebol propriamente dito, 5ª feira temos treino de competição e no domingo é a vez do Nacional de Costinha, esperemos que no final não haja mais uma sessão de camisolas rasgadas. 


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