Um despedimento anunciado

Quando Sousa Cintra anunciou José Peseiro como o novo treinador do Sporting, seguramente que terão sido muito poucos os Sportinguistas a concordarem com aquela opção, embora a maioria a tenha aceite como a escolha possível, pois dadas as circunstâncias não era fácil encontrar um treinador de jeito que tivesse disposto a meter-se naquele monte de cacos em que o futebol leonino se tinha transformado.

Peseiro para além de estar desempregado, viu ali uma oportunidade para relançar uma carreira que não está recheada de sucessos, apesar de ter tido muitas e boas oportunidades, mas ele sabia que não iria ter direito a muito tempo para apagar a sua imagem de perdedor com pulso mole, ainda por cima no Clube onde mais perto esteve da glória, na tal época do quase que lhe deixou marcas profundas.

Apesar de todas as dificuldades a temporada até começou bem, mas rapidamente se percebeu que estávamos perante um Peseiro a tentar ser diferente, optando por um futebol mais pragmático de forma a correr poucos riscos e com rédea curta no que diz respeito à disciplina.

O Sporting foi somando vitórias, algumas delas com a bênção dos deuses, mas na maior parte das vezes apresentou um futebol muito pobre, que em alguns casos, principalmente quando o treinador mexeu muito na equipa, se tornou intragável.

Os adeptos foram engolindo o prato a contra gosto, mas as derrotas apareceram e a contestação generalizou-se porque de certa forma toda a gente estava de pé atrás e quando é assim não há volta a dar.

Ainda por cima já se tinha percebido que Frederico Varandas não morria de amores pelo treinador que tinha acolhido como o seu durante a campanha eleitoral, embora todos tenham percebido que ele, tal como os outros cinco candidatos que foram a votos, apenas assumiram Peseiro como "o seu treinador" porque essa era uma opção obrigatória numa altura em que o campeonato já tinha arrancado e até estava a correr bem.

Mas nas duas entrevistas que saíram nos últimos dias, foi visível que os dias de Peseiro no Sporting estavam contados, o que talvez não se esperava era que fosse tão cedo. No entanto a derrota em casa com o Estoril foi, não a gota de água que faltava para o copo transbordar, mas um verdadeiro jacto que mandou o treinador borda fora.

Por norma sou contra as "chicotadas psicológicas" e até aceitaria que dessem ao homem mais algum tempo a ver se a coisa ia ao lugar, mas reconheço que não acreditava muito nisso, pelo que se é para mudar, então quanto mais cedo melhor. Sendo assim, esta derrota que nem afastou o Sporting da fase final da Taça da Liga, até pode ter vindo na altura certa quando ainda há tempo para minorar os estragos.

Agora a questão que se põe é quem será o próximo? Chovem nomes na comunicação social, sendo que Paulo Sousa é o mais falado e Leonardo Jardim o mais desejado. Não tenho grande fé no primeiro e não acredito que o madeirense esteja disponível, no que aliás não será o único.

Assim e dividindo os candidatos em dois grupos, direi que direi que gostava muito que fosse o Abel Ferreira, mas esse de certeza que não vai deixar o Braga agora. O Vilas Boas também está disponível, duvido é que o esteja para o Sporting, tal como o Jorge Jesus que já fora a 1ª escolha do Cintra, mas cujo o ciclo no Sporting, na minha opinião já se esgotou. De resto não acredito minimamente em nomes como Carlos CarvalhalMiguel Cardoso ou mesmo Rui Faria, que seriam uma nova versão do foi o melhor que se pôde arranjar que tivemos com o Peseiro.

Portanto a não ser que Varandas consiga um golpe mágico, o mais certo é que a escolha recaia num estrangeiro, o que significa que o homem vai ter de se adaptar ao nosso futebol, para além de todo trabalho que significa fazer uma espécie de pré-época em plena temporada. Enfim, se as expectativas eram curtas, agora serão ainda mais pequenas, mas vamos aguardar pelo fumo verde.

Nomes de estrangeiros é que não vou arriscar. Já li e ouvi tantos que até faz impressão. Há uma coisa que me deixa descansado, de certeza que não será o Ranieri, embora o pateta do Madeira Rodrigues já tenha aproveitado a situação para desfrutar de mais uns minutos de exposição pública, ele, o Meneses, o Zeferino e sei lá mais quantos que nestas alturas aparecem sempre a mandar os seus palpites. Só falta mesmo o Ricciardi. É assim o Sporting.

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