A união

Durante a última campanha eleitoral do Sporting uma das coisas em que todos os candidatos estiveram de acordo foi na necessidade de unir e pacificar o Clube. Frederico Varandas por exemplo usou como lema da sua candidatura a bonita frase "Unir o Sporting", enquanto Ricciardi repetiu até à exaustão que um dos grandes problemas do Clube eram as guerras internas, de tal forma que prometeu que se fosse derrotado nas urnas não iria ser oposição.

Palavras leva-as o vento e um mês depois das eleições já o bom Zé Maria saia da toca para anunciar que a nova Direcção não tinha capacidade para resolver os problemas financeiros do Sporting. Esta semana Francisco Zenha em algumas das várias entrevistas que deu e Frederico Varandas no discurso que leu nos Rugidos de Leão, queixaram-se de tentativas de boicote ao empréstimo obrigacionista em curso, manobras alegadamente patrocinadas por sportinguistas e que para bom entendedor terão vindo da parte do banqueiro.

Perguntar-me-ão o que é que ele teria a ganhar com isso? Pois, há gente assim, são os que tem sempre razão e nunca se enganam, portanto se ele disso que o Varandas não era capaz, tudo fará para o demonstrar e para além disso a verdade é que ele na sua pose arrogante de "dono daquilo tudo" nunca esperou levar uma tamanha sova naquelas eleições, coisa que dificilmente irá esquecer.

No entanto não é só com Ricciardi e com os seus seguidores da ala croquete do Sporting, que Frederico Varandas terá de se preocupar, há também o grupo que se auto intitula de "Leais ao Sporting", mas que na realidade são apenas fieis seguidores do presidente destituído, malta que se manifesta essencialmente nas redes sociais, embora uma dúzia tenha acampado em frente ao tribunal onde Bruno de Carvalho foi recentemente ouvido e libertado.

A ver pela amostra esses não podem fazer nada em relação ao empréstimo obrigacionista, mas seguramente que se irão organizar para marcarem presença nas Assembleias Gerais que se aproximam e onde habitualmente vai pouca gente, daí que um grupo insignificante desde que coeso, pode ter força suficiente para criar problemas. Espero que Rogério Alves e companhia estejam atentos, mas o facto de terem marcado a primeira AG para um recinto mais pequeno leva-me a temer que não estejam a ver bem a coisa.

Há ainda outro grupo a ter em conta, principalmente por serem muitos e facilmente arregimentáveis. Refiro-me à Jeve Leo. A atravessar uma crise sem precedentes a maior claque do Sporting onde não prima a inteligência e o bom senso, é uma matilha perigosa, pelo que nesta altura em que a Direcção está a tentar domesticar esse grupo que ganhou muito poder na gerência de Bruno de Carvalho, é preciso algum cuidado e muita habilidade para manobrar no meio deles. Os chefes estão acossados e nesta altura vão acima de tudo tentar manter as suas posições e privilégios, o resto vai atrás.

No meio disto tudo há um "pormaior" que passa pela bola entrar, ou não, na baliza, o que quando acontece a nosso favor ajuda sempre, mas isso é um incógnita total nesta altura em que chegou um novo treinador. Os que são verdadeiramente do Sporting estão a torcer com todas as forças para que tudo dê certo com o treinador, com o empréstimo obrigacionista e com o resto que virá por acréscimo, mas podem ter a certeza que nos três grupos atrás referidos há gente que por razões diversas está acima de tudo preocupada com o seu umbigo, o pior que é que também há muitos tontos que os seguem.

Sendo assim a tal união que todos defendiam e de que o Sporting tanto precisa, não é coisa que se consiga num estalar de dedos. Vai ser preciso alguma sorte na questão da bola entrar na baliza certa e, muito jogo de cintura para fugir às investidas dos tais grupos de tontos, que quando juntos se tornam perigosos. É como numa largada de toiros, que faz sempre mais estragos do que uma tourada a sério.

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