Caderno de encargos - Finanças

As Finanças esse papão dos milhões tem estado ao longo dos últimos anos no centro das discussões com os resultados que todos conhecem, de tal forma que os Sportinguistas já estão fartos de ouvir falar de passivos, falências técnicas, engenharias financeiras, vmoc's e por aí fora, mas a verdade é que uma boa gestão é fundamental em qualquer casa, quanto mais numa SAD e num Clube com a dimensão do Sporting.

Nesta altura é fundamental saber em que ponto está a famosa reestruturação financeira que pode levar o Sporting Clube de Portugal a ficar na posse de cerca de 90% do capital da sua SAD e acima de tudo perceber como e quando é que isso se pode fazer, coisa que ainda ninguém foi capaz de explicar, nem o Dias Ferreira que agora tem o Carlos Vieira do seu lado.

Pelo menos da boca para fora todos defendem que o Clube deve manter a maioria da sua sociedade desportiva e essa foi uma herança boa que Bruno de Carvalho deixou, mas Dias Ferreira e Ricciardi já foram defensores do contrário, no entanto agora renderam-se às evidências, embora se continue a falar de investidores para a SAD, coisa em que eu sinceramente não acredito. Ninguém vai lá meter o seu se não for para mandar.

Rego diz que tem 120 milhões para trazer jogadores, mas essa é uma conversa que já ninguém compra, ainda por cima vinda de um candidato que tem na SAD Paulo Lopo, que parece ser uma nova versão de um antigo presidente do Alverca que era sócios dos três grandes, pois queria era entrar num deles. O futebol é muito atractivo porque por lá rola muito dinheiro, um perfume ao qual os patos bravos não resistem e nesta altura o Sporting mais do que nunca, não está em condições de se meter em aventuras.

Quanto a Tavares Pereira esse esteve por cá anteontem e parece que pagou um jantar a mais de 150 pessoas, portanto dinheiro não lhe falta, mas o tempo dos mecenas já lá vai e o Sporting não é propriamente o Tourizense.

Em matéria de finanças Ricciardi tem-se arvorado em grande mago da gestão, afirmando ser o único com capacidade para evitar o descalabro. Não percebo é como é que ainda ninguém o colocou no lugar de mentor das engenharias financeiras que deixaram o Sporting quase sem património e à beira de um PER. Mas este homem que diz que sem ele em Novembro não haverá dinheiro para pagar os ordenados, agora promete que em Janeiro vai contratar o Adrien Silva, que há um ano atrás foi vendido por 20 milhões e se saiu para um pequeno clube inglês foi porque lhe ofereceram um ordenadão. Ou Ricciardi é mesmo mágico, ou então pensa que somos todos tolinhos.

Benedito e Varandas tem tentado desdramatizar a situação financeira do Sporting, garantindo que há soluções, isto sem ignorar ou desvalorizar as dificuldades. Nesta matéria o médico tem sido mais objectivo, enquanto o nosso antigo guarda redes de Futsal parece confiar nos cenários mais optimistas.

O empréstimo obrigacionista previsto para Novembro em principio não será problema, mas é preciso saber quanto e para quê, embora todos falem em 60 milhões.

É também muito importante encontrar outras fontes de rendimento a explorar ou potenciar as existentes e nessa matéria não tem faltado ideias, quer em relação ao aumento do número de sócios, quer em relação aos negócios paralelos que giram à volta da actividade desportiva. Há seguramente muito a fazer, mas esse não é um caminho fácil.

Lamentável foi a intervenção de um membro da Comissão Fiscalizadora, que actuou como um apoiante da candidatura de Ricciardi, obrigando os restantes comissários a demarcarem-se dessas declarações e a SAD a criticá-las. Sei que já estamos na recta final mas isto não pode valer tudo, pelo que se António Paulo Santos tiver um pingo de vergonha demite-se e assim já se pode juntar à campanha da lista B.

Em suma, um diz que é sério e trabalhador, outro não diz nada mas tem o apoio do responsável pelas finanças nos últimos anos, dois dizem que é preciso é calma pois há meios para resolver a situação que o outro dramatiza, garantindo que é o único capaz de pagar ordenados em Novembro, mas há ainda outro que tem 120 milhões para sempre.

Como de magos das finanças já estou farto e não acredito no Pai Natal, resta-me ter fé que haverá pelo menos quem seja capaz de fazer igual ou parecido com aquilo que foi feito nos últimos anos, sem esquecer que sem um futebol vencedor não há magos, pais natais ou jovens gestores que nos valham.

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