Inicialmente a justificação foi a de que a saída desta Direcção ia prejudicar processos importantes que estavam em curso, mas a verdade é que a CMVM já inviabilizou o empréstimo obrigacionista, a reestruturação financeira é um caso ainda por explicar, mas até poderá ser um trunfo eleitoral e a preparação da época desportiva é o desastre que se conhece, pelo que estas são justificações que caíram pela base.
Outro argumento que eu já ouvi, é o de que não podemos estar em eleições a toda a hora e que Bruno de Carvalho foi eleito há pouco mais de um ano e relegitimado em Fevereiro passado com 90% dos votos. Acontece que dessa altura para cá tivemos o caso cashball, o assalto a Alcochete, demitiram-se vários membros dos órgãos sociais do Clube e choveram pedidos de rescisão dos melhores jogadores, razões mais do que suficientes para uma contestação indesmentível que alastrou a muitos dos mais ferozes apoiantes do Presidente do Sporting.
Isto já para não falar em tudo aquilo que Bruno de Carvalho sempre defendeu desde a altura em que os sócios de uniram para destituir Godinho Lopes, princípios que ele agora atraiçoa, ao ponto de querer reforçar os seus poderes propondo alterações estatutárias profundas, numa fase conturbada como esta e com base na criação de uma comissão transitória inventada por ele.
Também já ouvi falar no fantasma do regresso dos "croquetes" por via de uma comissão de gestão, mas foi o próprio Bruno de Carvalho que confirmou que Marta Soares lhe tinha proposto a marcação de eleições para dali a 60 dias, ficando a Direcção em exercício, pelo que esta questão da comissão de gestão só agora se põe com a suspensão preventiva de Bruno de Carvalho, que em nada contribui para a resolução deste imbróglio, principalmente se significar o impedimento do actual Presidente do Sporting de candidatar-se a umas próximas e inevitáveis eleições. E é aqui que me ocorre outra pergunta: será que não é isso mesmo que ele quer, ou seja o papel de vitima de uma cabala, que lhe permitirá ficar a pairar sobre o Sporting nos próximos anos.
Bruno de Carvalho prestaria um enorme serviço ao Sporting ao demitir-se já, abrindo assim caminho para as inevitáveis eleições antecipadas, onde a sua participação é fundamental para uma clarificação da vida do Clube e evitando a realização da AG marcada para o dia 23, que a concretizar-se vai ser uma vergonha, ou mesmo uma tragédia.
Se não o fizer demonstra mais uma vez que se acha acima do Sporting pois ele depois de ressuscitar um Clube que estava moribundo achou-se acima da obra realizada e agora julga-se no direito de a destruir para que ninguém possa herdar o que de bom ele fez.
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