Os maiores pormenores

Costuma-se dizer que os grandes jogos se definem nos pormenores e em Braga realmente acabou por ser assim, com o Sporting a falhar em vários momentos decisivos, uns por culpa própria, outros nem por isso.

Tudo começou com a ausência de William Carvalho que Jorge Jesus resolveu colmatar com o recuo de Rodrigo Battaglia e a entrada de Bryan Ruiz para a posição 8, o que deixou o Sporting a jogar com dez jogadores e meio, porque o costariquenho sabe muito bem o que fazer quando tem a bola nos pés, mas depois falta-lhe agressividade quando é preciso correr atrás dela. Ou seja, não foi só uma ausência, acabaram por ser duas.

Mesmo assim o Sporting entrou muito bem e fez 25 minutos de grande qualidade, mas depois faltou sempre qualquer coisa no momento da definição. São os tais pormenores que fazem toda a diferença e a verdade é que ao longo de toda esta temporada o rácio entre a produção ofensiva e o número de golos marcados por este Sporting, foi muito baixo.

Depois o Braga equilibrou e até conseguiu empurrar o jogo para o meio campo do Sporting. Abel disse que aqueles primeiros minutos foram estratégicos, mas a mim parece-me que a inversão no rumo do jogo teve mais a ver com questões físicas, porque não é fácil manter aquele ritmo, mas também com a ausência no meio campo, não tanto de William Carvalho, mas principalmente de Rodrigo Battaglia, coisa que Jorge Jesus nunca percebeu.

Com o empate à vista o treinador do Sporting resolveu arriscar um pouco mais, foi então que Cristiano Piccini borrou a pintura, coisa que Fábio Coentrão também já tinha feito quando se pôs a jeito para ser expulso, e assim ficámos sem saber no que resultaria a segunda alteração promovida por Jorge Jesus, depois de Rúben Ribeiro não ter acrescentado nada ao jogo do Sporting.

Finalmente chegámos aos pormenores da arbitragem, que num jogo como este estava sujeita a uma pressão gigantesca, pelo que estranhei que a tarefa tivesse sido entregue a Luís Godinho, que por sinal me parece um dos melhores árbitros que temos, embora ainda com pouca experiência. Acusou o peso do jogo e faltou-lhe coragem para marcar um penalti que realmente era um lance difícil de ajuizar em tempo real, mas na televisão não há como fugir. Matheus derrubou Bas Dost, era penalti.

A prova provada do que acabei de escrever foi o golo anulado ao Braga. Provavelmente o Gelson Martins até foi tocado no joelho, mas nas imagens que vimos isso não é claro, no entanto foi óbvio que Godinho bem se esforçou para ver qualquer coisa que calasse os sportinguistas. O azar dele foi aquele golo no fim, porque se o jogo tivesse ficado empatado o peso destas decisões seria menor. É a tradicional cobardia dos árbitros que tentam passar entre os pingos da chuva, coisa que é impossível.

Estão pois arrumadas as já ténues possibilidades do Sporting ganhar o Campeonato e agora o jogo de Madrid torna-se ainda mais pesado. Bruno de Carvalho diz que é tempo de baixar a cabeça e reflectir e eu digo que é preciso olhar para a frente e ganhar a Liga Europa e a Taça de Portugal, sem esquecer que o campeonato ainda não acabou e que entre um 2º e um 4º lugares há muitas diferenças.

Como alguém disse há algum tempo atrás, não vale a pena entrarmos, nem em depressões, nem em euforias, até porque os pormenores que aí vem serão decisivos para o futuro de muita gente..


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