O ruído e os silêncios de ouro

Tal como eu havia previsto a comunicação social não deu grande atenção ao Congresso Internacional The Future of Football, sendo que à primeira vista a notícia mais relevante que saiu do Pavilhão João Rocha, foi o facto de Futre ter contado que despiu a calças no balneário do Atlético de Madrid, quando era director daquele clube.

E por falar no "paulinho", tenho de dizer que sendo o Congresso um evento para levar a serio não percebi qual é o interesse em convidar um pateta como ele, a não ser que a ideia seja criar um momento de entretenimento para descontrair a plateia. Eu é que como nunca gostei de palhaços e muito menos de palhaçadas, não achei piada nenhuma, mas isso deve ser um defeito meu.

O que esteve em grande destaque na comunicação social foi a Gala Cosme Damião, onde foi possível perceber que a "família" está toda unida à volta do "estadista" e do que sobra da sua famosa "estrutura", sendo que nem Paulo Gonçalves faltou à festa, onde o discurso do "rumo ao penta" e dos "sem milhões", mereceu elogios por todo o lado e até teve direito a editoriais e a largos espaços de análise e de discussão nas televisões de serviço, porque realmente não há nada como enterrar a cabeça na areia, para se falar e escrever sobre o vazio.

As diferenças são realmente notórias. Enquanto no Sporting se promove a discussão sobre problemas como o presente e o futuro do VAR, a corrupção, os resultados combinados, a violência, a lavagem de dinheiro, os fundos e as comissões, entre outros assuntos determinantes para o futebol dos nossos dias, sempre com os olhos postos no futuro, no Benfica faz-se de conta que não se passa nada, numa clara desvalorização do momento que o clube vive, enterrado numa crise de valores para a qual foi arrastado por dirigentes sem escrúpulos, que no entanto continuam a ser bajulados por uma imprensa parcial e subserviente.

Podemos pois concluir que os silêncios de Vieira são de ouro, e que se calhar deviam ser uma lição para o outro que não se cala com coisas que não interessam para nada, o que até já enjoa. Vai daí as primeiras páginas dadas à gala e os rodapés para onde foi remetido o Congresso.

Quem esteve nos dois eventos foi Pedro Proença, que num lado alinhou no silêncio respeitoso que ecoou no Coliseu dos Recreios, mas no outro não se coibiu de deixar alguns recados, entrando no coro daqueles que acham que há ruído a mais no futebol português. Mas na verdade o que está em causa não é o ruído, mas as práticas que motivam esse ruído, e só quando estas forem  irradiadas é que nos vamos calar, até lá lutaremos até que a voz nos doa e pelo menos enquanto Bruno de Carvalho andar por aí, vão ter de levar com estes congressos onde se fala de assuntos chatos e incómodos.

Quanto ao The Future of Football propriamente dito, há muito por onde pegar, mas isso deixo para um próximo artigo.



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