À portuguesa

O Sporting ultrapassou as tormentas de Janeiro no 1º lugar do Campeonato e com a Taça da Liga no bolso, mas o nível exibicional dos últimos jogos não fora brilhante, pelo que Jorge Jesus terá decidido que a melhor estratégia para a 1ª mão da meia final da Taça de Portugal seria adiar a decisão da eliminatória lá para Abril e por isso resolveu levar ao extremo aquela conversa do futebol à italiana, recuperando a estratégia dos três defesas que já tinha utilizado por exemplo em Barcelona e sem grandes resultados.

Teoricamente até fazia sentido, com Cristiano Piccini a fechar por dentro para contrariar a previsível dupla de avançados de um FC Porto que a jogar em casa iria querer ganhar vantagem, e com Stefan Ristovski a tapar Alex Teles, enquanto Marcos Acuña tratava de Ricardo, restando ainda Fábio Coentrão para ajudar lá atrás, enquanto a velocidade de Seydou Doumbia e Gelson Martins podia fazer alguns estragos lá na frente.

Mas na prática não resultou, pois se houve jogadores que até se desenrascaram, outros não se mostraram nada confortáveis neste sistema e até foi pelo seu flanco direito que o FC Porto furou, quando talvez se esperasse que fosse Brahimi a chatear mais pelo outro lado, isto precisamente porque a ala direita do Sporting se safou muito melhor do que a esquerda.

Por outro lado o meio campo nunca conseguiu ter bola, fazendo-se sentir nesse particular a ausência de William Carvalho, enquanto Bruno Fernandes talvez tenha sido aquele que mais andou às aranhas, assim como peixe fora de água.

Para dizer a verdade o Sporting em vez de jogar à italiana, jogou à pequena portuguesa, com a triste particularidade de vermos Rui Patrício a fazer cera logo desde o início do jogo. Não foi bonito, mas vá la que se chegou ao intervalo com um satisfatório zero a zero, que afinal era aquilo que Jorge Jesus queria e que pelo menos reflectia o futebol do Sporting, que se tinha resumido a três remates de fora da área, apenas um dos quais a dar trabalho a Casillas.

Na 2ª parte o Sporting revelou algumas pequenas melhorias, mas quando tínhamos uma hora de jogo, Bruno Fernandes perdeu mais uma bola no meio campo, e embora as imagens não sejam conclusivas não me pareceu ter sido falta de Sérgio Oliveira, que depois fez um centro mortífero que Soares aproveitou para pôr o Porto na frente.

O Sporting sentiu o golo e aí valeu Rui Patrício que evitou o pior, até que Jorge Jesus percebeu que com aquele resultado o Sporting em Alvalade não podia sofrer golos e ia ter de fazê-los, pelo que estava na hora de voltar ao seu sistema habitual e até arriscou alguma coisa na ponta final, onde finalmente a equipa deu um ar da sua graça, mas Rúben Ribeiro desperdiçou uma oportunidade única de mostrar que é jogador para o Sporting, declinando a responsabilidade de rematar quando estava sozinho à frente de Casillas, mas agora só daqui a dois meses é que vamos saber o peso que tal decisão teve nesta eliminatória.

Depois de duas derrotas é tempo de lamber as feridas e de partir para as vitórias que se exigem nos cinco jogos que antecedem uma nova deslocação ao Dragão, que talvez até possa ter um carácter mais decisivo do que esta, que temos de reconhecer que não correu nada bem.

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