Coisas inexplicáveis

No futebol há coisas inexplicáveis e esta meia final da Taça da Liga ficou marcada por muitas situações dessas, logo a começar pela nomeação de um árbitro de segunda linha, daqueles que já anda há anos a espalhar porcaria pelos relvados portugueses.

Trata-se de um "apitador" muito experiente que não chegou a internacional, nem vai chegar, pois já não tem idade para isso, e que nunca teve qualidade que o justificasse, como mais uma vez o demonstrou neste jogo, em que utilizou aquela arma que os maus árbitros usam para se defenderem, que passa por apitar a tudo, ou a quase tudo, fugindo sempre nos lances polémicos, daí as 54 faltas assinaladas durante o jogo, das quais eu me arrisco a dizer que para aí umas 20 não existiram, embora outras tenham ficado por marcar.

Com 35 minutos de jogo este artista do apito já tinha perdoado três amarelos indiscutíveis aos jogadores do Porto, um dos quais poderá ser considerado alaranjado. O critério é simples, na 1ª parte não se mostram amarelos para a coisa não se complicar na 2ª, onde até reincidiu na tolerância para com Filipe, quando não viu um pisão perfeitamente evitável também ele merecedor de amarelo. A coisa correu tão bem que no fim até mereceu um rasgado e pouco explicável elogio de Pinto da Costa.

Inexplicável foi também o facto de não ter sido marcado aquele duplo penalti de Danilo sobre Bas Dost, isto num jogo onde até havia árbitros de baliza. Mas se no campo até pode haver uma explicação qualquer para tanta cegueira, com o VAR a coisa torna-se mesmo inexplicável, de tal forma que na altura fiquei convencido de que não havia video-árbitro na Taça da Liga, pelo que fui surpreendido pela anulação daquele golo do Soares. Mas já lá vamos.

Como explicar que o VAR não tenha intervido naquele lance do duplo penálti? Será que o Dias tinha ido fazer xixi e por isso não viu nada? Será que ele viu e acha que aquilo não é um penalti claro? Será que ele até alertou o Almeida, mas este acha que aos 5m é muito cedo para se marcar um penalti e nem quis ir ver? Será que eles não gostam do Sporting? Será que eles são do Porto? Pois, nada disto faz sentido, e por isso é simplesmente inexplicável.

Inexplicável foi também a anulação do golo do Soares, a não ser que o Dias tenha resolvido lavar uma mão com a outra, porque se o Sporting tivesse perdido, aquilo do penalti ia dar cá uma barulheira. Ou então ele viu imagens com linhas que nós não vimos, porque a olho nu é impossível afirmar que aquilo é fora de jogo e a mim parece-me estar em linha com o Fábio Coentrão.

Por falar nisso há que dizer que essa coisa de se jogar com a defesa subida era muito bonita no Benfica que tinha excelentes liberos sempre de bandeira levantada, mas no Sporting e ainda por cima agora com o VAR, é tudo muito diferente, ou devia ser, porque para dizer a verdade ás vezes parece que estes gajos estão a fazer de propósito para desacreditar o VAR, eles não querem esta ferramenta que lhes tira poderes e tudo fazem para armar confusão. Se não é assim, pelo menos parece.

Inexplicável também me pareceu a substituição que Jorge Jesus fez quando Gelson Martins teve de sair. O Sporting estava a jogar bem e por isso não havia razões para alterar a aposta no modelo mais ofensivo que tinha surpreendido toda a gente, com  Rúben Ribeiro no onze em vez de Rodrigo Battaglia. Então porquê mudar? É verdade que no banco não havia nenhum jogador com características para jogar na ala direita, pelo que me parecia óbvio que só Rúben Ribeiro podia encaixar ali, podendo entrar Bryan Ruiz ou Bruno César para o meio. Agora encostar Bruno Fernandes à direita para meter Rodrigo Battaglia, não me pareceu boa ideia e matou o jogo da equipa, que nunca mais foi a mesma.

Se o Sporting tinha entrado melhor no jogo, na 2ª parte foi o Porto que tomou conta das operações, mas o futebol tem coisas inexplicáveis e foi precisamente nessa fase que o poste defendeu um belo cabeceamento de Sebastián Coates e a bola quis ir ter com o Casillas em vez de ir para dentro da baliza, ou para a frente dela onde estava Bas Dost. Para estas coisas da sorte e do azar não há mesmo explicação.

Na hora das substituições Sérgio Conceição apostou em Aboubakar dando sinais de que tal como os árbitros de serviço não estava muito virado para os penaltis. Quem não gostou foi o Soares, mas isso agora não interessa para nada, pois o treinador portista não só não se fez passar por surdo, como deve ter mandado o brasileiro pedir desculpas publicamente. E assim ficou tudo explicado.

Já Jorge Jesus desta vez não poupou nas substituições e respondeu com duas alterações, mas a entrada de Fredy Montero era no mínimo improvável para não dizer inexplicável, pois trata-se de um jogador que vem de uma longa paragem. Ainda julguei que o treinador estava já a pensar nos penaltis, mas afinal não era isso e os resultados destas alterações favoreceram o Porto, que acabou o jogo por cima do Sporting. Só que desta vez os Leões escaparam de sofrer um inexplicável golinho nos últimos minutos. Nem sempre há-de correr mal.

Verdadeiramente inexplicáveis foram as afirmações de Jorge Jesus no fim do jogo, quando afirmou que não tinha treinado os penaltis. Desculpe! Então o homem que está atento a todos os detalhes não preparou para aquela possibilidade? Parece impossível, mas se calhar é mesmo verdade, pois só assim se pode explicar a insistência em William Carvalho, um jogador com um passado triste nesta coisa dos penaltis. Eu também podia dizer que me cheirou logo que o Sebastián Coates ia falhar, mas isso também é inexplicável, portanto fico-me por aqui para não me chamarem bruxo.

A explicação de Jorge Jesus passou pela sua confiança total num dos melhores guarda-redes do mundo, e de facto Rui Patrício não defraudou as expectativas do seu treinador e defendeu dois penaltis, embora tenha deixado entrar o mais fácil de todos, que por inexplicável que pareça foi muito elogiado por quem relatava o jogo. Grande execução de Waris disseram eles. Se fosse o Benfica eu até percebia que eles tinham acabado de contratar o melhor marcador de penaltis do mundo e arredores. Mas como era o FC Porto não encontrei explicação para tais elogios.

E por falar nisso e em coisas inexplicáveis, eu comecei a ver o jogo na RTP mas não aguentei aquelas explicações do Bruno Prata, pelo que na 2ª parte mudei para a SportTv, mas aí só aguentei 10 minutos, porque o Luís falazão Lobo consegue ver coisas que mais ninguém sequer imagina e inexplicavelmente é tido como um grande entendido da bola. Tive de regressar ao canal 1. Do mal o menos.

Voltando ao que interessa, enquanto Rui Patrício ia defendendo penaltis, os seus companheiros iam falhando, até que aconteceu outra coisa inexplicável. O Nelson Pereira foi para trás da baliza e parece que foi ele quem defendeu aquele remate do Brahimi. Se fosse o Benfica tinha sido o Nhaga. Mas pronto, o que o poste dera o poste tirou, e logo a seguir Bryan Ruiz não falhou o penalti decisivo, o que talvez também seja inexplicável.

Mas os episódios inexplicáveis ainda não tinham acabado, pois não há explicação possível para o facto do Presidente do Sporting que ainda há poucos dias foi operado a uma hérnia, já andar aos saltos na tribuna. Até parece milagre, e aquilo não se faz, afinal o homem é Presidente ou adepto? Não pode ser, aquilo não é coisa de um Presidente. O Costa ou o Vieira nunca o fariam. Bom, também já não tem idade para isso, mas acima de tudo são verdadeiros exemplos daquilo que deve ser um dirigente, como de resto se percebeu naquela coisa das escutas do apito dourado e nisto agora dos e-mails. Eles não saltam, assaltam. Assim é que é.

Agora para terminar em beleza, esperemos que no sábado não aconteça nada de inexplicável, até porque o Vitória de Setúbal nos últimos dois jogos parece ter abusado de coisas inexplicáveis. Já chega!



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