A pensar no Barcelona

Há cerca de um ano atrás Jorge Jesus afirmou que por vezes era difícil mudar o chip dos jogadores depois dos jogos da Liga dos Campeões. Ele lá sabe do que estava a falar, mas a mim parece-me que também acontece o contrário em situações em que os jogadores começam a pensar antes do tempo nos grandes jogos e perdem o foco naquilo em que se deviam concentrar, principalmente quando o adversário é um clube pequeno.

Julgo que foi isso que terá acontecido sábado em Moreira de Cónegos, onde o Sporting entrou em regime de poupança, convencido de que aquele era um jogo que se ganhava sem correr muito, mas deu-se mal pois o Moreirense foi sempre uma equipa destemida e lutadora, que mereceu inteiramente o ponto conquistado.

Jorge Jesus optou pelo 4x4x2 na sua versão mais ofensiva, sacrificando Rodrigo Battaglia e deixando Bruno Fernandes à frente de William Carvalho, o que não funcionou muito bem num campo pequeno e muito povoado por gente que nunca parou de correr. Faltou poder de choque.

Mais à frente voltou a jogar Alan Ruiz que continua no mesmo ritmo de devagar e parado, sendo praticamente menos um jogador, pelo que já não se percebe a insistência neste argentino que tem um belo pé esquerdo, mas acha que isso chega e que não é preciso suar a camisola.

Para além disso Jorge Jesus deu folga a Marcos Acuña, que foi substituído por Bruno César, o que também terá sido um sinal de que o treinador acreditava que este era um jogo que se ia ganhar sem grandes dificuldades.

O resultado de tudo isto foi um Sporting em traje de passeio e com os problemas que já evidenciou esta época, principalmente nos jogos em casa. A bola chega poucas vezes a Bas Dost e desta vez nem se pode falar num grande volume de jogo ofensivo, nem de desperdício de oportunidades que foram bem poucas, embora Gelson Martins tenha falhado uma daquelas que não se pode falhar.

Ao intervalo Jorge Jesus leu bem o jogo, fez as mexidas que se exigiam, mas Seydou Doumbia ainda não se entende com Bas Dost e Iuri Medeiros continua a não conseguir mostrar o seu talento, parecendo um daqueles jogadores que não aguenta o peso das camisolas. Ou seja, teoricamente as substituições faziam sentido, mas os jogadores que entraram não foram capazes de fazer a diferença.

É verdade que o Moreirense acabou encostado lá atrás, mas se na 1ª parte tinha faltado transpiração, na 2ª faltou inspiração e mesmo chegando ao empate a meia hora do fim e com um golo caído do céu, o Sporting nunca foi uma equipa convincente.

Há ainda a referir que desta vez a arbitragem até foi amiga. Aquele fora de jogo tirado a dois jogadores do Moreirense que iam isolados é uma clara precipitação do fiscal de linha, curiosamente o mesmo que inventou o canto que deu o golo do Sporting, num lance em que ou era pontapé de baliza, ou falta contra o Sporting. No fim o VAR continuou a passar ao lado dos penaltis, não intervindo numa jogada em que Seydou Doumbia foi agarrado na área do Moreirense. Um dia mau também para a arbitragem.

Enfim, não sei se este foi um ponto perdido, ou ganho, mas agora o jogo com o FC Porto vai ser mais pesado, ainda por cima depois do duelo com o Barcelona, onde o Sporting nada tem a perder.

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