O que é que correu mal? 3) Atirar a toalha ao chão

Em 2016/17 a equipa do Sporting revelou-se muito débil em termos mentais, deixando-se abater pelas contrariedades que se lhe foram deparando ao longo da temporada e atirando a tolha ao chão cedo de mais.

A derrota em Madrid seguida de um estranho trambolhão com o Rio Ave foram os primeiros socos no estômago do Leão. A equipa tinha começado o campeonato com quatro vitórias e em cima da hora para o fim do jogo estava a ganhar na casa do campeão europeu, mas de repente sofreu dois golos. O que se passou logo a seguir em Vila do Conde foi o primeiro sinal da falta de capacidade de reacção deste Sporting.

O segundo soco foi em Guimarães, onde o Sporting esteve a ganhar por 3-0 e deixou-se empatar. Nessa altura o campeonato parou, regressando com dois empates frente a clubes que viriam a descer de divisão, depois de uma derrota em casa com o Dortmund. À 9ª jornada o Sporting estava a 7 pontos do líder e com a confiança muito abalada.

O Benfica deu uma ajuda e o Sporting chegou à Luz apenas a 2 pontos do 1º lugar e portanto em condições de passar para a frente do Campeonato, mas saiu de lá outra vez a 5 pontos e metido naquilo que mais tarde Jorge Jesus apelidou de "crise Jorge Sousa".

Faltavam 21 jogos, logo ainda era muito cedo para atirar a toalha ao chão, mas a derrota que se seguiu com o Sp. Braga confirmou a incapacidade que a equipa tinha para reagir aos maus resultados, numa altura em que já dissera adeus à Europa, depois de uma exibição deprimente em Varsóvia.

Ao virar da 1ª volta o Benfica empata com o Boavista, mas o Sporting não aproveita para encurtar a distância e também cede um empate em Chaves, onde três dias depois diz adeus à Taça de Portugal, depois da Taça da Liga também ter ido à vida.

Em Janeiro a época estava perdida, restava lutar pelo 2º lugar, mas nem disso a equipa foi capaz, pois logo a seguir veio a derrota no Dragão e o Sp. Braga já só estava a um misero ponto de distância.

Seguiu-se o melhor período da equipa que pareceu confortável no 3º lugar e sem grandes pressões. Foram 8 vitórias em 9 jogos, mas aquele empate com o Vit. Guimarães, ainda era um resquício da tal instabilidade mental de uma equipa sem estofo.

Agora era preciso ganhar ao Benfica e quem sabe a pressão passava para o outro lado, mas a equipa não foi capaz de melhor do que um empate, o campeonato estava decidido, mas ficava a sensação que que só tinha sido preciso um bocadinho mais de crença para se somar mais meia dúzia de pontos e estar na luta até ao fim.

Entretanto o Porto entrara em depressão e o 2º lugar voltava a estar ali pertinho, mas eis que a equipa resolve perder em casa com o Belenenses e logo a seguir repete a brincadeira com o Feirense.

E pronto, olhamos para trás e vemos que essencialmente faltou acreditar sempre, nunca desistir e reagir com denodo às contrariedades, em vez de baixar os braços sempre que elas surgiram, mas tantas foram as vezes em que faltou só um bocadinho, que há alturas em que não posso deixar de me lembrar daquele proverbio espanhol de que muito se tem falado ultimamente.


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