Adeus facebook

Deu brado a decisão de Bruno de Carvalho de abandonar o facebook, que no geral foi aplaudida por ser interpretada como um sinal de que o Presidente do Sporting se quer resguardar um pouco mais da excessiva exposição pública a que se tem submetido. Nesse ponto de vista eu engrosso as fileiras dos que saudaram a referida decisão.

Mas o que causou mais polémica foi o teor da última mensagem publicada por Bruno de Carvalho na mais popular rede social do mundo, onde se mostrou incomodado com algumas intromissões na sua vida pessoal, injustiçado com certas críticas de que tem sido alvo, dececionado com os resultados e as prestações desportivas das equipas e atletas do Sporting, desiludido com um certo conformismo e 
a falta de exigência dos adeptos sportinguistas e decidido a mudar mentalidades e principalmente a exigir vitórias.

No geral compreendo a mensagem, até porque já há muito tempo que eu defendia que o que faltava ao Sporting era um verdadeiro líder, que conseguisse acordar a nação sportinguista da letargia em que se encontrava, mas como de costume Bruno de Carvalho às vezes excede-se e não havia necessidade de chamar "meninos" aos rapazes das modalidades, o que até já resultou num rombo na Direção, embora o Comandante Vicente Moura também não tenha ficado bem na fotografia, quando veio para a comunicação social dizer uma coisa muito diferente daquilo que escreveu no e-mail em que se demitiu.

Voltando à mensagem publicada por Bruno de Carvalho no facebook, não tenho nada a dizer em relação ao incomodo revelado no que diz respeito a algumas intromissões na sua vida pessoal, mas ele também se pôs a jeito, principalmente nessa história da antecipação da gala, por mais que se diga que a iniciativa não partiu dele. De qualquer forma este tipo de assuntos não me interessam muito e devem ser evitados por todos. Ponto.


Em relação às criticas que começam a crescer em numero e de tom, também compreendo que quem tem dado tanto se sinta injustiçado, mas o futebol é fértil nessas situações. O Bettencourt também ganhou umas eleições com quase 90% dos votos e pouco tempo depois estava a ser estilhaçado pelos mesmos que o tinham eleito. Há muita irracionalidade e pouca memória no futebol. Quem se mete neste mundo da bola tem de estar preparado para isso e atenção que os sportinguistas geralmente até são relativamente calmos.


Como o próprio Bruno de Carvalho refere o grau de exigência dos sportinguistas é muito pequeno e aqui eu assumo a minha cota parte. Somos um Clube que já perdeu a cultura de vitória há muito tempo, e com o passar dos anos fomos-nos acomodando às vitórias esporádicas e até às morais, esmagados pelas fatalidades que parece que só nos acontecem a nós, sejam elas resultantes do fator sorte, ou simplesmente de questões externas com a arbitragem sempre à cabeça.


Nesta matéria estou inteiramente com Bruno de Carvalho. É preciso quebrar este ciclo, o que só será possível com vitórias, principalmente no futebol, mas também nas outras modalidades. Portanto aceito o repto da exigência máxima até à última gota de suor. É verdade que não se pode ganhar sempre, mas as derrotas não podem ser aceites de ânimo leve.


Aqui só não acho bem que tenham sido as modalidades a servir de exemplo, quando foi no futebol que mais se viu o deitar a toalha ao chão perante as contrariedades, já para não falar daquele inenarrável jogo com o Belenenses. O Sporting podia até não ganhar o campeonato, agora ficar a 12 pontos do Benfica é que é imperdoável.


No último fim de semana Bruno de Carvalho acompanhou a equipa de futebol feminino que ganhou o Campeonato Nacional e a de andebol na final da Taça Challenge, que neste caso conseguiu uma boa vantagem para a 2ª mão na Roménia, mas em ambos os casos vimos um Presidente triste e pouco efusivo, quase com cara de enterro, o que demonstra o seu desencanto com o momento atual do Sporting.


Entretanto já correm noticias  de que Bruno de Carvalho pondera demitir-se se o Sporting não ganhar o próximo campeonato de futebol, que é o supremo objetivo e como já vimos atrás pode ser o botão detonador da mudança que ele exige a todos os profissionais e adeptos do Clube.

É verdade que ao colocar a fasquia num ponto destes, Bruno de Carvalho fica com legitimidade para exigir as desejadas vitórias e a conquista de todos os títulos em disputa, mas por outro lado está a insuflar muita pressão para dentro e mais uma vez a por-se na mira de todos aqueles que anseiam em vê-lo pelas costas. 


Sinceramente não sei até que ponto isto será uma boa ideia, mas acho que percebi e processei a mensagem. Só espero que todos a percebam e que resulte. 

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