A verdade é que a cartilha foi parar às mãos do Director de Comunicação do FC Porto e se numa primeira fase as reacções dos "cartilheiros" se dividiu entre o "recebo mas não sou influenciado por ela" e os elogios à excelência da maquina comunicacional do Benfica, isto sem esquecer os que reclamaram o direito ao silêncio, ou até recorreram à 5ª emenda da constituição americana, numa fase mais adiantada o sempre descarado Ventura, não só assumiu tudo, como até se confessou como um dos colaboradores da cartilha.
Quem ficou visivelmente atrapalhado foi o impagável Janela, que caiu do alto da sua farsa de comentador independente, para a ingrata posição de grande mentor da cartilha, acabando por afirmar-se como detentor de uma empresa da qual nunca ninguém tinha ouvido falar e que segundo ele presta serviços a vários clubes. Imagino que serviços! Enfim, uma espécie de prostituição que não dignifica nem quem a ela recorre, nem quem a ela se sujeita.
Num plano meramente académico, devo dizer que não haveria nada de extraordinário no facto dos clubes prestarem algumas informações aos comentadores a eles afectos, de forma a que estes estejam devidamente documentados sobre os assuntos da actualidade que tenham a ver com a vida desses clubes.
Até aí tudo bem, mas a cartilha do estado lampiónico é uma coisa totalmente diferente, que destila ódio e dá orientações claras para a forma de abordar os assuntos e até promove a criação de factos com o único intuito de atacar os rivais, principalmente o Sporting e o seu Presidente. E o mais engraçado é que segundo o semanário "Expresso", o Benfica paga 5 mil euros por mês por esta vergonhosa cartilha.
De resto se a cartilha não tivesse nada de errado porque haveriam os cartilheiros de a ter negado? Mas o pior mesmo é a hipocrisia do presidente do Benfica, que gosta muito de se dar àqueles ares de superioridade, armado em senador do futebol português, mas enquanto recomendava aos comentadores benfiquistas que apenas se preocupassem com o seu clube e não falassem dos rivais, encomendava a cartilha ao Janela e por uma muito simpática quantia, para assim desferir os ataques que bem entendia pela voz dos outros, atirando pedras e escondendo a mão.
No meio desta polémica o sempre solicito pasquim da manhã descobriu a cartilha do Sporting. Uma serie de informações prestadas pelo próprio Presidente do Clube via correio electrónico, há quase um ano e versando apenas questões internas. Realmente o Benfica nesta matéria está muito à frente.
E aqui a pergunta que se põe é: será que o Sporting
também deveria ter uma cartilha? A verdade é que Bruno de Carvalho ainda
recentemente se queixou da falta de militância dos sportinguistas com algum
poder na sociedade e daqueles que podem ter uma intervenção pública,
referindo que faz falta ao Sporting um exército que o defenda, afirmando ainda que esta é uma situação que se arrasta depois
de décadas em que as pessoas não se habituaram a ter esse tipo de
intervenção na defesa o seu clube, e que muitas vezes para mostrarem a sua
autoridade moral, até fazem o contrário. De facto não nos faltam exemplos
disto. Os sportinguistas sempre gostaram e até se gabaram de serem diferentes.
Acho que ninguém queria que os
comentadores sportinguistas fizessem as mesmas figuras dos cartilheiros, mas custa
ver antigos jogadores como o Dani, ou o Pedro Barbosa, mais preocupados com a sua
imagem de comentadores isentos, ou diferentes, do que em defender o Sporting, não se vê isso em
nenhum benfiquista, até o João Alves já está alinhado com a cartilha, isto já para não falar nos doutores, mas aí as escolhas das
televisões também não são inocentes, o que é que se pode esperar de gente ligada
ao passado recente do Sporting, como Rui Oliveira e Costa ou Fiel
Farinha, ou mesmo do eterno candidato a líder da oposição no Sporting, o impagável Abrantes Mendes.
É quase como porem o Vale e
Azevedo a comentar pelo Benfica. E porque é que não convidam o Dolbeth? Se põe
os gordos e gente sem escrúpulos como o Ventura ou o Silva, era justo colocarem gente do Sporting que fosse capaz de falar a mesma língua. É verdade que não há muitos, mas de certeza que se arranjam alguns.
As televisões tem todo o
direito de escolherem os comentadores que quiserem, mas não deixa de ser curioso
que em muitos casos apareçam pretensos comentadores independentes como o homem da cartilha, que conseguem ser mais fanáticos que os próprios benfiquistas assumidos, isto já para não falar de alguns moderadores e moderadoras, que se não recebem a cartilha disfarçam muito mal.
E depois estranham e escandalizam-se com o facto do Presidente do Sporting os ter mandado para aquele lado. É ler a cartilha e verificar a linguagem da mesma, num documento escrito e pensado com objectivos claros, mas que mesmo assim não escandalizou tanto como um "bardamerda" num discurso improvisado, que saiu desajustado é verdade, mas muita paciência tem o homem.
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