5 minutos fatais

No "derby" que o Sporting queria ganhar e que o Benfica não queria perder, a qualidade do futebol apresentado pelas duas equipas deixou muito a desejar, num jogo que ficou marcado por alguns pequenos pormenores e principalmente pelos últimos 5 minutos da 1ª parte.

Em oportunidades de golo o Sporting ganhou por 3-1 e mesmo assim estou a ser generoso. Defesas dignas desse nome no máximo foram duas de Rui Patrício. Passes falhados foram às dezenas. A emoção rareou. Valeu a raça de jogadores como Adrien Silva ou Pizzi, a velocidade de Gelson Martins e Nelson Semedo e prevaleceu a boa organização defensiva.

O Sporting entrou forte e viu-se a ganhar muito cedo graças a uma oferta de Ederson. Parece-me que as equipas não estavam preparadas para uma mudança de cenário tão madrugadora. O Benfica tentou reagir, apostando tudo na exploração da falta de ritmo do lado esquerdo da defesa do Sporting e aqui tenho de aplaudir as escolhas de Jorge Jesus, que optou por Jefferson, que na minha opinião é o melhor lateral esquerdo do plantel mas que sofreu um bocado e por Paulo Oliveira que saiu da equipa de uma forma que me pareceu injusta e que neste "derby" voltou a dar-me razão, ao ponto do próprio Jesus lhe tecer rasgados elogios no fim do jogo.

Estava o jogo morno e insonso, quando aconteceram os lances que o marcaram, com o Benfica a reclamar três penaltis. Na minha opinião no primeiro lance há efectivamente um toque, mas Grimaldo ainda dá mais dois passos antes de cair, quando vê que já não consegue chegar àquela bola, se tivesse caído logo provavelmente o arbitro marcava e não havia nada a dizer. O segundo é um penalti de televisão, onde é indiscutível que Bruno César com o braço desequilibra Lindelof que estava em suspensão. Com o video árbitro não escapava. Quanto ao último, William Carvalho é simplesmente mais forte, não há nada.

Nos nossos dias com a internet em todo o lado, não tenho dúvidas que no intervalo os árbitros tomam conhecimento dos seus erros, pelo que estou mesmo a ver o Soares Dias de mãos à cabeça a pensar que se o Benfica perdesse aquele jogo iria ser arrasado e, como parece que já fora apertado no intervalo, ficou obviamente condicionado. Só isso pode explicar a inclinação que o árbitro deu ao campo na 2ª parte e foi com um livre inventado por ele que o Benfica empatou.

Antes o Sporting voltou a entrar bem na 2ª parte e Bas Dost até desperdiçou duas boas oportunidades para fazer o 2-0, mas não acertou na baliza. Estava eu a rezar para que o Jorge Jesus tirasse o Alan Ruiz, quando o argentino não fez a tal falta que o árbitro inventou, mesmo antes de ser substituído. É preciso ter galo.

O Sporting sentiu o golo como um soco no estômago e o jogo acabou ali. Jorge Jesus ainda lançou Daniel Podence, tarde de mais na minha opinião, pois o Bruno César já estava morto há um bom bocado, mas o Rui Vitória meteu o Augusto e o Sporting já não teve capacidade nem forças para reagir, pelo que no fim o empate foi um resultado lógico a condizer com a pobreza do jogo.

E pronto, o Sporting não ganhou porque não teve capacidade para isso e desta vez nem se pode escudar com a arbitragem. Pena é também que este empate tenha dado cobertura para os lobos vestirem a pele de ovelhas, com o treinador do Benfica a ir ao ponto de criticar os jornalistas por o questionarem em relação aos lances polémicos da arbitragem, enquanto o seu presidente confortavelmente sentado na 1ª fila do auditório de Alvalade, incitava essas perguntas, indo ao ponto de forma condescendente chamar coitado ao árbitro. Pagava para ver o que eles diriam se tivessem perdido depois de uma arbitragem daquelas.

De barriga cheia e não satisfeito, Vieira apareceu na zona mista de Alvalade com aquele seu ar fanfarrão e zombateiro, resolvendo sair da toca precisamente na casa do seu rival, onde desatou a chamar nomes ao Presidente do Sporting, ao mesmo tempo que o acusava de ser um incendiário. Se o convite que Bruno de Carvalho tinha feito a Vieira para este se sentar na tribuna, não poderia ter tido uma resposta diferente daquela que teve, estas provocações foram o combustível que a fogueira precisava para alastrar ao prédio todo e só podiam levar à resposta que mais parece incomodar Vieira: o pó da porta 18.

De disparo em disparo a coisa não vai ficar por aqui, resta saber até aonde se vai chegar e quantos mais é que vão cair na estrada, e se as autoridades vão continuar a assobiar para o lado.

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