Um plantel renovado

Se há algum reparo que eu considere aceitável que se faça aos três anos e meio da gerência de Bruno de Carvalho, terá de ser em relação à pouca assertividade da política de contratações levada a cabo até agora.

É verdade que esta Direcção encontrou um Clube em pré falência, com ordenados em atraso e sem um cêntimo em caixa, pelo que não era fácil ir ao mercado sem dinheiro, mas mesmo assim foi mau, principalmente na segunda temporada onde se contratou sem qualquer nexo e à revelia do treinador.

Com a chegada de Jorge Jesus ao comando do futebol do Sporting as coisas começaram a mudar, mas mesmo assim só no mercado de Janeiro é que foi resolvido um problema que era visível há anos, com a contratação de Sebastián Coates, o tão desejado patrão para a defesa.

No entanto a nível de banco o plantel Sporting continuou a deixar muito a desejar, como se viu sempre que o treinador recorreu às segundas linhas, nomeadamente na Liga Europa e na Taça da Liga.

Na época passada Jorge Jesus dispôs de um grupo de 14 ou 15 jogadores que foram capazes de formar uma equipa muito forte que só não ganhou o Campeonato por um conjunto de factores estranhos, mas agora com a Liga dos Campeões no calendário a exigência é outra.

Para contratar bem era necessário vender e o Sporting começou por atacar o mercado com prudência, mas depois das vendas de João Mário e Islam Slimani foi possível não só colmatar essas duas importantes saídas, como assegurar um conjunto de alternativas fortes para todas as posições.

O ataque era a zona mais carenciada da equipa e com as saídas de Islam Slimani e de Teo Gutierrez, teve de sofrer uma verdadeira revolução, mas agora conta com quatro avançados que vão lutar pela titularidade, sendo que Bas Dost é à partida aquele que mais garantias parece oferecer para ser o herdeiro de Islam Slimani, não só pelas suas características, mas também pela qualidade que tem demonstrado ao longo da sua carreira.

No entanto Luc Castaignos e André também são jogadores credenciados que podem ocupar qualquer uma das duas posições da frente, embora o primeiro ainda esteja em fase de afirmação e segundo tenha um percurso algo irregular. Já Alan Ruiz será apenas opção para o lugar de segundo avançado, mas o que vi até agora deste jogador não me impressionou, vamos aguardar que justifique o grande investimento que foi feito nele.

Para além disso há Joel Campbell e Lazar Markovic, dois jogadores cheios de talento que também podem actuar como segundos avançados, embora prefiram jogar mais pelas alas. Ambos vem emprestados e sem opção de compra pelo que não pondo em causa a inegável qualidade destes futebolistas, não posso deixar de temer que possam tapar o crescimento de Gelson Martins, um enorme talento que aparece em grande forma neste arranque de época.

Se a estes sete jogadores que referirmos, juntarmos Bryan Ruiz e Bruno César, então temos nove candidatos para quatro lugares, um verdadeiro luxo, principalmente quando comparamos com o que acontecia na temporada passada.

No meio campo a grande vitória de Bruno de Carvalho foi segurar a dupla de Campeões da Europa William Carvalho e Adrien Silva, mas agora há também um jogador de qualidade inegável como Elias, que oferece outras soluções, principalmente se o treinador preferir jogar com três no meio, como fazia às vezes com João Mário. Para além disso foram contratados Radosav Petrovic e Marcelo Meli, isto sem esquecer que  Jorge Jesus parece acreditar no valor de Bruno Paulista e que Bruno César é pau para toda a obra.

A defesa foi o sector que sofreu menos mexidas, o que se compreende pois o quarteto que acabou a época passada como titular era formado integralmente por jogadores que chegaram em Janeiro passado. Assim apenas há a registar a entrada de Douglas para o lugar de Naldo, um jogador que foi muito bem vendido.

Na baliza temos um dos melhores guarda redes do mundo mas faltava um suplente à altura, uma situação muito bem resolvida com a contratação de Beto.

Enfim já não temos só uma boa equipa, ficámos com um plantel muito forte e em alguns casos até com opções a mais, pelo que se prevê uma luta muito acesa, principalmente nos lugares da frente, e ainda há vários jogadores que terão de provar o seu valor, sendo que a maior das questões é saber-se até que ponto Bas Dost será capaz de fazer esquecer Islam Slimani, porque o problema do banco parece estar resolvido e para o lugar de João Mário há muitas e boas opções.

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