Mudar o chip

Na ante-visão à deslocação a Vila do Conde, Jorge Jesus disse que uma das maiores dificuldades dos jogos que se seguem aos confrontos europeus, é mudar o chip aos jogadores, o que somado ao desgaste que estes jogos causam nos atletas, principalmente quando se tratam de partidas de grande intensidade, como foi a da passada 4ª feira em Madrid, torna-os ainda mais complicados, uma situação que se agrava quando do outro lado temos uma boa equipa, como é o caso do Rio Ave, daí que eu já esperasse grandes dificuldades neste jogo.

Jorge Jesus não conseguiu mudar o chip aos seu jogadores, mas mudou a equipa, tentando poupar aqueles que certamente lhe pareceram mais sobrecarregados, optando por fazer descansar dois homens com mais de 30 anos e Bas Dost que teve um papel muito desgastante no Bernabéu, sendo mesmo o atleta com mais quilómetros percorridos durante a partida, isto para além de Marvin Zeegelaar que ficou de fora por precaução, em virtude de ter apresentado algumas queixas musculares.

Quatro alterações, que no fundo foram cinco, porque Bruno César recuou para lateral esquerdo, sendo que as diferenças principais aconteceram na linha da frente, onde se estreou uma dupla de avançados que nunca tinha jogado junta.

Curiosamente Alan Ruiz e André foram os protagonistas das duas melhores oportunidades de golo do Sporting na 1ª parte, que aconteceram antes do descalabro, mas ambos remataram de forma a permitir a defesa a Cássio, numa altura em que apesar do domínio leonino já se percebera que o Rio Ave entrara em campo para cumprir as ameaças do seu treinador, que afirmara que ia jogar para ganhar.

É verdade que se notava alguma falta de entrosamento lá na frente, mas mesmo assim o Sporting estava a conseguir entrar pelas alas, embora o último passe não estivesse a sair, mas o que ninguém esperava é que a equipa falhasse naquilo que é mais forte, ou seja na organização defensiva.

No primeiro golo é de bradar aos céus a forma como o Roderick vai por ali fora e principalmente a maneira como Sebastián Coates se deixa comer. No segundo é Gil Dias a fazer o que quer e depois Rui Patrício também não fechou o seu lado. No terceiro o descontrolo já era total e assim em 15 minutos o jogo ficou praticamente arrumado.

Depois do intervalo Jorge Jesus lançou Bryan Ruiz e Bas Dost e a única esperança passava por marcar cedo. No entanto o Rio Ave recuou as suas linhas e fechou-se lá atrás no conforto do resultado. Os dois homens que entraram ainda tiveram uma oportunidade cada um mas atiram ao lado e com o tempo a passar e o desgaste a acumular-se, percebeu-se que o desfecho do jogo estava definido.

Quando Bas Dost finalmente marcou faltavam pouco mais de 10 minutos para se jogar, foi pena que logo a seguir Sebastián Coates tenha falhado um golo feito à boca da baliza, mas a verdade
e que o Rio Ave pelo seu atrevimento e grande eficácia, acabou por ser um justo vencedor, perante um Sporting que não mudou o chip, mas talvez tenha feito mudanças a mais.



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