O toque de Ronaldo

Parece mentira mas é verdade, Portugal ganhou o Campeonato da Europa de Futebol!

Ninguém acreditaria se há dois anos atrás, depois daquela derrota em casa com a Albânia, alguém se atrevesse a dizer que Portugal iria conquistar este título e, muito menos seria possível acreditar que tal aconteceria depois de três empates na fase de grupos, frente a selecções modestas, e que nas meias finais defrontaríamos o País de Gales, naquela que seria a nossa única vitória nos 90 minutos, que nos levaria ao confronto final com a França, onde iríamos ficar sem Cristiano Ronaldo logo no início de um jogo que acabaríamos por ganhar no prolongamento, com um golo de Éder, imagine-se.

Pois é, contado ninguém acredita, mas eu vou tentar contar como foi.

Estava o jogo a começar de uma forma animada, já com uma ocasião de perigo para cada lado, a primeira quando Nani em excelente posição atirou muito por cima e, a segunda na sequência de uma escorregadela de Pepe que obrigou Rui Patrício à primeira de uma serie de grandes defesas, que o transformaram num dos heróis desta Final, quando Payet arrumou Cristiano Ronaldo com uma entrada despropositada, que o arbitro nem falta considerou, dando o mote para uma actuação marcada por uma clara dualidade de critérios, principalmente no capitulo disciplinar.

O melhor jogador do mundo ainda tentou continuar em campo, mas não conseguiu e, de uma assentada Portugal ficou sem Cristiano Ronaldo e sem Nani, porque se o primeiro sente algumas dificuldades quando joga sozinho na frente, o segundo pura e simplesmente não tem características para o fazer, pelo que a partir dali praticamente não tocou mais na bola, de tal forma que Portugal quando era obrigado a jogar longo, não fazia mais do que dar a bola aos franceses.

Sem o seu Capitão percebeu-se que o principal objectivo agora era aguentar. Portugal defendia bem e quando a França conseguia entrar estava lá um enorme Rui Patrício, que por volta dos 35 minutos voltou a fazer uma boa defesa a um remate forte de Sissoko.

O intervalo chegava com zero a zero, apesar da França ter dominado o jogo no meio campo, onde Adrien Silva esteve muito abaixo daquilo que é habitual, em parte por ter sido obrigado a uma luta desigual com a fortíssima dupla formada por Pogba e Matuidi, uma situação que melhorou quando Renato Sanches passou para o meio, mas as jogadas de perigo nas áreas tinham sido uma raridade.

Na 2ª parte Portugal conseguiu controlar melhor o meio campo, mas a França continuou a ter algum ascendente, principalmente depois da entrada de Coman. Pouco depois Griezmann falhou uma boa oportunidade, enquanto Rui Patrício voltou a brilhar, negando o golo, primeiro a Giroud e depois a Sissoko, com mais duas grandes defesas.

Fernando Santos que levou quase uma hora até perceber que com Nani no meio, Portugal nem conseguia chegar perto da área francesa e lá resolveu meter o Éder, pois não havia outro. Perspectivava-se que continuássemos a jogar com menos um, mas o avançado do Lille pelo menos podia dar alguma luta ali na frente. O que ninguém podia calcular é que aquela substituição tardia, iria ser decisiva e que o treinador ao dar um sinal de ambição à sua equipa, estava a ganhar o jogo ali.

Estávamos no período de compensação quando comecei a acreditar que Portugal ia mesmo ganhar. Gignac fez o que quis de Pepe e desta vez Rui Patrício não conseguiu defender, mas a bola foi milagrosamente ao poste e não entrou. definitivamente era o nosso dia, nem que fosse nos penaltis.

Veio o prolongamento. A França parecia mais desgastada do que Portugal, que com Éder na frente começava a ameaçar. Na mudança de campo acontece o momento decisivo, com Cristiano Ronaldo a dar o toque de Midas a Éder. Bom, para dizer a verdade foi o toque de Ronaldo, sim porque aquele pontapé de fora da área só pode ter sido uma inspiração do Capitão e, no fim do jogo eles confirmaram, foi Cristiano Ronaldo quem mandou Éder ganhar aquele jogo, uma vez que ele fora impedido de o fazer.

Antes Guerreiro ainda atirou à barra, mas felizmente Cristiano Ronaldo não deu nenhum toque no Raphael e essa não entrou, isto porque a falta que esteve na origem desse livre era ao contrário e eu não gosto de ganhar dessa maneira, embora esteja farto de perder assim e os franceses até merecessem uma derrota dessas, mas nunca mais se iam calar.

E pronto, somos Campeões da Europa. Fernando Santos é um génio da táctica. Cristiano Ronaldo é o melhor futebolista lesionado do mundo e até foi aplaudido pelos franceses quando saiu. Renato Sanches é o melhor jogador jovem do mundo e arredores. Éder é um enorme ponta de lança. Rui Patrício  afinal até é um grande guarda-redes. E a Torre Eiffel ficou às escura e fechou para balanço.

Por cá ficámos todos contentes, mesmo que os simões desta vida tenham sido forçados a engolir em seco, enquanto a campanha em favor dos microfones desprotegidos ficou esquecida pelo menos durante algumas semanas.

Viva Portugal e vivam os "Aurélios"!

Comentários