Santos de casa em dia de Quaresma

No futebol o que conta são os resultados e os portugueses devem ser um dos maiores candidatos ao título de campeão mundial das vitórias morais, nas quais nos especializámos durante anos a fio, pelo que o país ficou espantado depois da nossa Selecção ter ganho à Croácia com mais sorte do que juízo.

Foi óbvio que Fernando Santos apostou acima de tudo em não deixar os croatas explanar o seu futebol, ficando à espera de uma oportunidade para desferir um golpe fatal no seu rival, mas ao fim dos 90 minutos Portugal tinha feito apenas três remates, um pouco menos do que os croatas, embora nenhum dos guarda redes tenha feito uma única defesa, portanto o zero a zero era inevitável.

No entanto a iniciativa do jogo foi sempre dos croatas e no prolongamento enquanto Fernando Santos recorria a Danilo, num claro sinal de que já só pensava nos penaltis, a Croácia arriscava na procura do golo que mereceu, mas Vida não acertou na baliza, mesmo quando Rui Patrício tropeçou e a deixou aberta.

Pouco depois o guarda redes português redimiu-se com uma defesa enorme e logo a seguir Cristiano Ronaldo veio recuperar uma bola à entrada da área de Portugal, lançando Renato Sanches que arrancou por ali a fora, deu a Nani que me pareceu ter falhado o pontapé, fazendo uma assistência perfeita para Cristiano Ronaldo, que entretanto já estava na outra área onde finalmente conseguiu fazer um remate, foi o primeiro. Subasic defendeu, mas a bola foi cair na cabeça de Quaresma. Golo. A vitória estava consumada, mas Vida ainda falhou outra oportunidade. Era mais uma dia de todos os Santos.

Não tivesse Rui Patrício feito aquela grande defesa e todos estaríamos agora a bater e com razão num seleccionador que conseguiu reduzir Cristiano Ronaldo praticamente a zero e que nunca tentou ganhar este jogo em que a vitória lhe caiu do céu, isto sem esquecer as queixas em relação ao árbitro que não marcou aquele penalti sobre Nani.

Mas não, o Fernando está protegido por todos os Santos e no final a sua estratégia saiu vencedora, precisamente na altura em que os croatas mais tentavam ganhar o jogo. É preciso ter sorte e, viva ao futebol triste onde se joga apenas para não perder.

O que sobrou de melhor deste jogo foram as notórias diferenças entre Cédric Soares e Vieirinha e principalmente  aquilo que Adrien Silva é capaz de dar à equipa em termos de raça e quilómetros, o que me faz perguntar pela enésima vez, como é que é possível que ele não seja titular indiscutível naquele meio campo, onde temos também de reconhecer que Renato Sanches acrescenta muito à equipa.

Neste Europeu o alinhamento das estrelas parece de facto inteiramente favorável a Portugal que fugiu aos tubarões e agora calha-lhe em sorte uma Polónia perfeitamente ao nosso alcance. É verdade que costuma ser perante os adversários mais acessíveis que falhamos, mas desta vez tem corrido tudo tão a favor que já estou a ver Portugal nas meias-finais e se Cristiano Ronaldo voltar a atirar um microfone para o lago, sabe-se lá o que mais nos ira acontecer.       

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