Tempos de mudança

A Liga portuguesa vai entrar na sua fase decisiva com os três grandes ainda a sonharem com o título, sendo que neste momento os sportinguistas sentem que este campeonato já podia e devia estar praticamente ganho, depois do Porto ter cometido o erro de manter o treinador Lopetegui e do Benfica ter "oferecido" Jorge Jesus ao Sporting.

O arranque do Benfica foi muito mau, de tal forma que salvo erro chegaram a estar a 8 pontos do Sporting e a 6 do Porto, uma dupla desvantagem que só poderia ser recuperada com uma grande serie de vitórias consecutivas, em conjunto vários espalhanços dos rivais.

O que é certo é que o Porto se afundou nos equívocos do espanhol e na inevitável troca de treinador, enquanto o Sporting desperdiçou pontos com equipas do fundo da tabela e teve um galo do carraças nos dois jogos que lhe poderiam ter dado uma vantagem decisiva, permitindo a recuperação do Benfica, alavancado com uma serie de nomeações à medida, que lhe conferiram a fundamental protecção dos apitos e bandeirinhas, em jogos que poderiam ter empurrado a equipa para baixo.

Apesar de tudo isto o Sporting continua a ser a equipa que melhor futebol pratica em Portugal, de tal forma que se pode dizer que apenas nos jogos com o Sp. Braga houve algum equilíbrio de forças, pois de resto o Sporting foi sempre superior aos seus adversários, mesmo quando para variar jogou mal, como sucedeu por exemplo em Alvalade na 1ª parte frente ao Tondela.

Infelizmente os campeonatos não se decidem apenas pelo que se faz dentro do campo e as arbitragens continuam a marcar o futebol de uma forma decisiva, mas tudo indica que as coisas estão prestes a mudar, para desgosto de todos aqueles que estão habituados a beneficiar das jogadas de bastidores.

Quando no inicio do seu mandato o Presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho, apresentou uma serie de medidas em favor da verdade desportiva e de uma maior transparência no futebol, não faltou quem tentasse ridicularizar as ideias apresentadas, porque supostamente não traziam nada de novo, ou simplesmente porque eram inviáveis, pois a UEFA, a FIFA e o International Board não deixavam, logo não se podia pensar diferente e muito menos pôr em causa tais autoridades.

Não foram precisos muitos meses para que esses mesmos críticos tivessem de engolir em seco e alguns deles até já se transformaram em defensores do video árbitro, uma medida revolucionária que está em vias de entrar em fase de experimentação.

Bastou que Blater e Platini, os dois expoentes máximos da podridão que reina no futebol, caíssem em desgraça, para que as cúpulas da FIFA e da UEFA mudassem o bico ao prego, de tal foram que o conservadorismo do International Board foi chutado para canto.

Já aqui tinha escrito um dia, que não queria morrer sem ver essas importantes alterações no futebol, mas não esperava que elas ocorressem tão depressa, pelo que não posso deixar de tirar o chapéu a quem teve a coragem de levantar a voz e de lutar para que a mudança se concretizasse.

É pois com grande alegria e muita expectativa que tenho recebido as noticias das mudanças em curso. Tenho consciência que será um processo melindroso e lento, mas tudo o que servir para contribuir para corrigir erros grosseiros que falseiam a verdade desportiva, será bem vindo.

Para já parece que vão ficar apenas sob escrutínio do video arbitro, jogadas que estejam na origem de golos e os penaltis, o que me parece pouco, pois pelo menos os casos dos foras de jogo também seriam fáceis de resolver, mas para principiar já não está mau.

É claro que nem tudo ficará resolvido com o video árbitro, até porque há muitos lances que nem depois de vermos dezenas de vezes na televisão conseguimos chegar a uma conclusão, mas nesses casos deve-se aplicar a lei que prevê que se beneficie a equipa que ataca nos foras de jogo e a equipa que defende nos restantes.

Agora o que se pede é apenas objectividade e honestidade nas análises, mas nada como esperar para ver como é que a coisa vai funcionar.

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