O primeiro já está

Num jogo que era decisivo para manter a vantagem de 3 pontos sobre o Benfica, Jorge Jesus resolveu arriscar, fazendo algumas poupanças num sector delicado como é a defesa, o que confesso me deixou um pouco apreensivo, logo que tomei conhecimento do onze escalado.

O treinador do Sporting justificou a troca de Sebastián Coates por Ewerton, com o facto do central uruguaio ser um jogador pesado e de não estar habituado a este ritmo intenso de jogos, o que somado ao desconforto muscular que ele sentiu na passada 5ª feira, o levou a não arriscar a utilização de Coates, poupando-o para os jogos mais difíceis que aí vem. Quanto aos laterais, até se compreende que João Pereira é um dos jogadores mais utilizados, enquanto Jefferson vem de uma lesão, mas pareceram-me mexidas a mais.

No entanto o resultado acabou por dar razão a Jorge Jesus, pois Ewerton não só marcou o golo que desbloqueou o jogo, como foi um dos melhores em campo, enquanto os laterais estiveram em bom plano, principalmente a atacar, num jogo onde era suposto serem chamados a subir muito no terreno, embora Ezequiel Schelotto tenha cometido alguns erros defensivos que podiam ter tido custos.

Curiosamente o pior da defesa acabou por ser Rúben Semedo, um jovem sobre o qual eu ainda tenho algumas reservas, pois parece-me menos jogador do que por exemplo Tobias Figueiredo. Mas Jorge Jesus saberá muito melhor do que eu o que está a fazer ao apostar neste central.

De qualquer forma a defesa voltou a sair ilesa deste jogo, embora desta vez Rui Patrício tenha sido obrigado a empregar-se a fundo por duas vezes e o poste tenha ajudado noutra, o que demonstra que este sector não esteve assim tão firme como possa parecer.

No meio campo Jorge Jesus optou pela solução óbvia para colmatar a ausência de William Carvalho, mas parece-me que o que a equipa mais sentiu foi a falta de Adrien Silva, numa posição mais adiantada, principalmente porque João Mário realizou a pior exibição de que eu tenho memória de o ter visto fazer, perdendo bolas atrás de bolas, ele que tem uma segurança de passe e de posse, impressionantes.

Na frente Jorge Jesus apostou na velocidade de Gelson Martins logo de início, mas o Sporting teve menos bola do que seria de esperar, principalmente na primeira meia hora, na qual o Boavista apostou tudo em surpreender com uma pressão muito alta, que até resultou, pois no meio da confusão, dos apitos amigos e das demoras na reposição da bola, quase não houve jogo.

Para além disso a equipa voltou a jogar com 10, pois Teo Gutierrez não esteve lá e a única vez que apareceu foi para desperdiçar uma oportunidade flagrante, na primeira ocasião em que o Sporting conseguiu criar perigo junto à baliza de Mika. A substituição do colombiano era mais do que óbvia, mas infelizmente Carlos Mané não foi capaz de fazer muito melhor do que o seu companheiro, e até falhou um golo feito na pequena área, atirando ao poste com Mika batido, pelo que os resultados práticos desta troca foram nulos.

Mas voltando a Teo Gutierrez, eu até compreendo que Jorge Jesus o queira recuperar a toda a força, no entanto o homem parece mesmo não estar nem aí para o Sporting. De qualquer forma ontem lá teve a tolerância que o treinador pediu às bancadas e até teve direito a uns miminhos à saída. Vamos a ver se ele resolve dar troco a quem o protegeu e, não sei bem porquê, mas tenho uma fezada que este colombiano vai ser decisivo nos próximos jogos e quiçá no Campeonato, o que provavelmente terá a ver com o facto dele ser um daqueles jogadores que tem a fama de se motivar e aparecer nos momentos das grandes decisões.

Quanto ao jogo em si, não foi brilhante. Depois da tal meia hora perdida, o Sporting conseguiu assumir o comando e em 15 minutos resolveu o assunto em duas bolas paradas. Na 2ª parte a equipa entrou muito mole e acabou por ser feliz ao não sofrer um golo que poderia tê-la intranquilizado, mas à medida que o tempo foi passando, a gestão do resultado tornou-se mais eficaz e só faltou o terceiro golo para descansar as bancadas.

Diga-se ainda que se o Boavista foi uma equipa chata, quem mais incomodou foi o artista do apito, que tudo fez para empurrar os axadrezados para a frente, apitando a tudo ao Sporting e utilizando um critério largo para o Boavista, o mesmo se podendo dizer em relação à facilidade com que ele mostrou cartões a Rúben Semedo e a Gelson Martins, enquanto ia poupando os "sarrafeiros" do Bessa, mesmo quando a cor do cartão até podia ser o vermelho.

Enfim, o primeiro dos três jogos deste ciclo decisivo já está ganho. Agora vamos a Guimarães, onde se espera um jogo terrivelmente complicado, perante um rival forte e que seguramente terá alguns incentivos por fora, isto já para não falar dos apitos, cartões e bandeirinhas encomendados, por isso será um daqueles dias onde se pede aos jogadores que morram em campo se for preciso.







 


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