E o milagre aconteceu

Já escrevi aqui dezenas de vezes sobre o futebolzinho à portuguesa, assente na famosa táctica do autocarro, com as equipas acampadas à frente da sua baliza, dispostas a defender o zero a zero até à morte, ficando à espera de um golo milagroso, nas poucas vezes em que se atrevem a aproximar-se da área adversária, uma estratégia que raramente resulta, mas que torna o nosso futebol feio e parco em em golos.

Pois ontem na Madeira tivemos um caso extremo, com o União de Norton de Matos a conseguir o milagre de ganhar um jogo desses, sem praticamente ter sequer tentado atacar. Que eu me lembre fizeram 3 remates e seguramente que não chegaram à área do Sporting mais de uma dezena de vezes. O jogo do União limitava-se a despachar a bola de qualquer maneira, para a frente ou para fora, sem qualquer intenção construtiva, de resto Rui Patrício quase não tocou na bola.

Por mais que eu tente dar mérito ao rigor defensivo destas equipas, não consigo, e para mim apenas o guarda redes Moreira é merecedor de elogios, pela quantidade de boas defesas que realizou, mas é para isso que ele lá está. O resto foi pontapé para a frente e fé em deus, porque se aquilo é futebol, eu vou ali e já venho.

Mas pronto, as coisas são como são e no fim o Sporting perdeu, com um golo obtido naquela que praticamente foi a única vez que o União conseguiu chegar com perigo à baliza de Rui Patrício.

Eu não queria ser acusado de má vontade em relação a Naldo, mas a verdade é que em quase todos os golos que o Sporting sofre ele está lá, e sempre da mesma maneira, ou está mal colocado, ou chega atrasado ao lance, ontem foram as duas coisas ao mesmo tempo. Mas o homem parece que também tem azar, é cada cavadela cada minhoca. De qualquer forma se é para dar brancas, metam o Tobias Figueiredo, pelo menos tem margem de progressão e ainda vai a tempo de aprender.

No entanto temos de reconhecer que foi o ataque que não conseguiu ganhar este jogo. Jorge Jesus recuperou o seu 4x4x2 habitual, com Fredy Montero a jogar perto de Islam Slimani e desta vez até abdicou de William Carvalho, lançando logo de início Gelson Martins, opções claramente ofensivas, de quem sabia o que ia encontrar pela frente, mas há dias em que a bola não quer entrar, ou por falta de pontaria e de inspiração dos avançados, ou como ontem aconteceu, porque do outro lado está um guarda redes que defende tudo e mais alguma coisa.

Depois o tempo vai passando, começa o anti-jogo, ás vezes a equipa que ataca perde a cabeça e o milagre consuma-se. O Sporting desta época tem sentido repetidas dificuldades para superar estas equipinhas, mas tem sido sempre fiel aos seus princípios de jogo, o que ontem voltou a acontecer até quase ao fim, altura em que Jorge Jesus lançou o terceiro avançado, mas mesmo que Junya Tanaka tenha mexido com o jogo, era um daqueles dias em que não havia nada a fazer.

Esta derrota veio na pior altura possível, pois entre jogar o clássico do dia 3 com 2 pontos de vantagem e receber o FC Porto 1 ponto atrás deles, vai uma grande diferença, portanto agora só resta mesmo ganhar esse importante jogo.

Entretanto e para não variar volto à questão dos zero pontos para os empates sem golos e  já agora à cronometragem do tempo útil de jogo. Para quando as mudanças que urgem?

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