Depois da estrelinha veio o estofo

Sem Islam Slimani, o Sporting tinha no "Caldeirão" um dos desafios mais complicados deste campeonato, perante um Marítimo que não estando a fazer uma grande época, confirmou ter uma equipa de qualidade e acima de tudo mostrou que para perder por 1-0 não é necessariamente obrigatório acampar à frente da sua área e não fazer um único remate à baliza adversária, pode-se pelo menos tentar ganhar o jogo.

Os madeirenses foram a primeira equipa portuguesa a conseguir assustar o Sporting, com uns 20 ou 25 minutos de futebol muito agressivo no bom sentido, o que obrigou Rui Patrício a trabalhos redobrados, com o perigo a rondar várias vezes a baliza leonina, principalmente na sequência de cantos e do esforço do poderoso  Marega, enquanto o Sporting não conseguia impor a sua qualidade de jogo, muito alicerçada na posse de bola.

Nessa altura também se percebeu a falta que o avançado argelino faz, principalmente porque Fredy Montero não é propriamente um jogador capaz de arregaçar as mangas quando é preciso dar um bocadinho mais em campo.

Com o passar dos minutos foi faltando fôlego aos madeirenses para manterem o ritmo, e a qualidade do jogo do Sporting começou a aparecer, de tal forma que foi de Bryan Ruiz a melhor oportunidade de golo da 1ª parte, numa altura em que o costariquenho tinha passado para o meio, uma posição que pede menos as correrias que não são muito do seu gosto.

Depois do intervalo o Sporting entrou com outra disposição, impondo definitivamente o seu jogo, até que Adrien Silva explicou Bryan Ruiz como é que se faz, ele que foi a par de João Mário o melhor em campo e é hoje na minha opinião o jogador chave desta equipa.

Finalmente a ganhar, Jorge Jesus não perdeu tempo e lançou em campo Alberto Aquilani, uma substituição claramente a pensar na necessidade de ter bola e na experiência do italiano, em contraste com a irreverência de um Gelson Martins que às vezes ainda se perde em lances excessivamente individualistas.

O resultado do golo e desta substituição foi um verdadeiro balde de gelo nas intenções do Marítimo, que passou largos minutos a cheirar a bola, de tal forma que só na fase final do jogo é que os madeirenses conseguiram reagir, mas aí o Sporting voltou a mostrar solidez no capitulo defensivo e quando falhou alguma coisa, Rui Patrício estava lá.

No final foi mais uma vitória à tangente, mas justa, num jogo em que a equipa se mostrou capaz de superar a ausência do seu único jogador que não tem substituto à altura, e revelou uma grande maturidade, sabendo sofrer quando foi preciso, esperando o momento certo para dar a estocada no seu adversário, para depois gerir a vantagem com segurança. Desta vez mais do que estrelinha. mostrou estofo.

Agora vem uma final, onde se pede mais um esforço aos jogadores e se espera que o treinador não abuse da sorte.

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