Três maneiras de explicar um empate

O Sporting desperdiçou a oportunidade de se isolar na frente do Campeonato, ao empatar no Porto perante um boavistinha, recuperando assim as já velhas tradições de não se dar bem com os ares do Bessa e de desperdiçar estas situações, que não sendo decisivas, ajudam e, às vezes até dão embalagem às equipas que vão na frente.

O desfecho do jogo de ontem pode explicar-se de três pontos de vista diferentes, que correspondem às três equipas que estiveram em campo, e neste caso é um bocado difícil para mim escolher qual delas a pior, mas a ordem de relevância para o resultado do jogo é a que se segue.

Do lado do Sporting tenho de dizer que a equipa atacou muito, teve quase sempre a bola, mas as oportunidades de golo foram raras e há equívocos que me parecem persistir, logo a começar pela insistência de Islam Slimani em sair dos seus terrenos, para vir buscar e armar jogo fora da área, um papel para o qual não está minimamente talhado, para além da falta que fica a fazer lá no lugar onde morde.

No final da partida, Jorge Jesus disse que não estando a resultar o jogo colectivo, ficou à espera de um rasgo individual que desbloqueasse o resultado, mas a verdade é que ele continua a insistir num jogador como Bryan Ruiz, do qual ainda não se viu nada que justificasse essa aposta, tal como Teo Gutierrez, que desta vez ficou no banco, mas quando entrou nada de novo trouxe, mesmo que Fredy Montero também não tenha aproveitado a merecida oportunidade que o treinador lhe deu.

Com pasmados como estes três, as esperanças dos sportinguistas resumem-se aos miúdos, mas ontem Gelson Martins não esteva inspirado, enquanto Carlos Mané já entrou tarde e também não esteve nos seus dias. Assim é difícil não falar de Carrillo.

Chegados aqui há que dizer que em termos de aquisições o Sporting continua a não acertar quase nenhuma, de tal forma que eu começo a pensar se a melhor contratação desta época não terá sido Azbe Jug. Pelo menos não atrapalha.

Por falar em guarda redes, Rui Patrício voltou a ter uma noite de folga e só não pegou no sono porque teve de dar uns berros, quando toda a gente adormeceu na única jogada de perigo do Boavista, desperdiçada por um cabeceamento torto de José Manuel e porque depois naquela defesa há quem teime em atrasar-lhe bolas pouco redondas, o que é complicado para um tosco de pés como ele, mas não se convençam que estes dois jogos a zero resultam de uma grande evolução da equipa em termos defensivos, porque a mim mais me parece que a coisa só aconteceu porque as equipas adversárias eram muito fracas, principalmente este "boavistinha", pois o Nacional teve a atenuante de jogar mais de uma hora com menos um jogador.

Chegámos pois ao lado axadrezado do jogo, com uma equipa que começou a queimar tempo ainda no aquecimento, e que se limitou a defender o zero a zero com unhas e dentes e às vezes até com algum excesso de virilidade, bem ao estilo do seu treinador, quer nesse aspecto, quer na "petitez" do futebol mostrado que valendo zero, valeu um pontinho. Mas essa é uma questão que só vai ser resolvida quando um dia alguém finalmente se lembrar de alterar o sistema de pontução, passando os empates sem golos a valer zero pontos. Aí eu que eu quero ver o que vão fazer estes "petites" treinadores, porque aquilo não é futebol nem é nada. É fé na sorte e no árbitro. Ah pois é!

E finalmente a arbitragem. E não, não me quero desculpar com o golo anulado a Islam Slimani, embora tenha quase a certeza que aquele lance com um Aboubacar, ou um Jonas, era bola ao centro e ponto final. Agora quando uma equipa leva o jogo todo a dar molho e os seus jogadores vão para casa sem verem um único cartãozinho, nem mesmo naqueles lances em que não havia como escapar deles, e depois na primeira oportunidade toma lá disto Adrien Silva, por uma falta numa jogada à entrada da área boavisteira, então estamos entendidos, e mais esclarecidos ficamos, quando os jogadores do Boavista se fartaram de se atirar para o chão e em cada lançamento de linha lateral demoravam para aí uns 30 segundos, sempre com a complacência do arbitro, que também não perdia uma oportunidade para se armar em padre e dar um sermãozinho a propósito dos abraços que ocorriam dentro da área, em vez de actuar célere, como fez quando viu uma bola dentro da baliza, para no fim dar 4 minutos de compensação, pois já se fazia tarde e ele estava cheio de pressa.

Mais uma vez chegamos às regras do jogo, pois isto só vai mudar quando se adoptar a cronometragem do tempo útil, para se acabar com estas convenientes arbitrariedades dos artistas de serviço, que fazem tudo o que querem com o poder que lhes dão e ainda ameaçam quem ousa contestar os seus critérios duvidosos, como se viu ontem no fim do jogo em relação a Jorge Jesus, e finalmente com a expulsão do Presidente do Sporting, que só pode ser vista como mais uma medalha no seu já enorme palmarés na luta contra esta trampa toda.

No entanto para concluir, não posso deixar de dizer que o Sporting tem obrigação de jogar muito mais e de ganhar a este boavistinha, mesmo que seja contra 12, 13, 14 ou 15.

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