Jesus, o grande vencedor


O Sporting começou da melhor forma a época de 2015/16, ganhando a Supertaça ao derrotar por 1-0 o Benfica, num jogo onde o ascendente esteve quase sempre do lado dos Leões, que já mostraram muitas marcas do trabalho de Jorge Jesus, cuja falta já se faz sentir e de que maneira, no outro lado da 2ª Circular.

De facto este jogo veio dar razão a muito daquilo que o treinador leonino foi deixando no ar durante a semana e mostrou o peso que um grande treinador pode ter numa equipa, não só pelo que o Sporting já foi capaz de jogar, mas principalmente pela vulgaridade em que o Benfica se transformou em tão pouco tempo.

Desde o inicio que o Sporting mostrou querer tomar conta das operações e o primeiro quarto de hora foi de intenso domínio leonino, mas era impossível manter aquele ritmo pelo que o Benfica lá foi equilibrando as operações e Jonas teve mesmo duas boas ocasiões para marcar.

No entanto quem marcou mesmo foi Teo Gutierrez, mas aí Jorge Jesus teve a primeira demonstração daquilo que nem ele vai conseguir transportar da Luz para Alvalade: o colinho. De resto quando o treinador do Sporting se exaltou no banco, recebeu logo a segunda lição e foi posto na ordem pelo árbitro. Não tenho memória de ter visto tal coisa nos seus tempos de treinador do Benfica e, ou muito me engano, ou aquela confusão com o Jonas no fim do jogo ainda vai ter o seu preço. Só me admiro mesmo é como é que o Jorge Sousa não marcou aquele hipotético penalti do André Carrillo, que ontem esteve endiabrado, mas continua a ser pouco inteligente quando ajuda na defesa.

Voltando ao jogo, depois de uma 1ª parte de bom nível, onde o Sporting já mostrou muito daquilo que Jesus quer, a equipa entrou muito forte depois do intervalo e, o golo mesmo que ajudado por um ressalto fortuito, foi inteiramente merecido, como merecida já seria a vantagem que o fiscal de linha tinha anulado na 1ª parte.

Seguiu-se então uma pequena reacção do Benfica, logo estancada pelas alterações introduzidas por Jorge Jesus, com Rúben Semedo a ajudar a equilibrar o meio campo e Carlos Mané a causar o pânico na defesa adversária, pelo que até ao fim o Benfica limitou-se a mandar bolas para o barulho, à espera de mais um milagre como o de Jardel na temporada anterior, enquanto o Sporting esteve sempre mais perto do 2-0, falhando apenas algum entrosamento lá na frente, para se matar o jogo, dando-lhe um resultado mais consentâneo com o que se passou durante os 90 minutos.

Para além daquilo que já se tinha visto nos jogos anteriores, agora ficámos com um retrato mais exacto deste novo Sporting, que já tem uma defesa montada de uma forma sólida, com a entrada de dois elementos experientes como Naldo e João Pereira e, que no jogo de ontem revelou uma surpreendente eficácia da sua dupla do meio campo, com Adrien Silva a mostrar estar cada vez mais adaptado ao seu novo papel na equipa e principalmente um enorme João Mário, que encheu o campo reduzindo a nada as minhas dúvidas sobre a sua capacidade para ser o 8 desta equipa. Parece que em apenas 5 semanas Jesus já lhe conseguiu incutir a intensidade que lhe faltava, de tal forma que a jogar assim João Mário pode chegar a um patamar muito alto, pois com aqueles pezinhos de ouro e este novo andamento, teremos ali um verdadeiro fora de serie.

No ataque percebeu-se que Jorge Jesus acredita firmemente em Teo Gutierrez, apesar do colombiano ter sido um dos jogadores menos produtivos da pré época, mas mesmo assim Fredy Montero voltou a ficar no banco, e desta vez nem de lá saiu, provavelmente porque é um jogador com pouco espírito de sacrifício, embora possa ser útil em muitos momentos e ontem até acho que numa altura em que a equipa precisava de ter mais bola e em que Islam Slimani já mostrava estar muito desgastado, a sua entrada teria feito sentido, mas Jesus optou por manter o incansável argelino na frente de ataque.

Bryan Ruiz é outro jogador para o qual Jorge Jesus parece ter destinado um papel preponderante nesta equipa. Ontem começou na posição de ala/interior do lado esquerdo e acabou como segundo avançado, realizando uma boa exibição e, confirmando tudo o que o treinador tem dito dele. Trata-se de um elemento experiente que conhece todos os segredos do jogo, para além de ser tecnicamente evoluído, pelo que seguramente que vai ser muito útil.

Esta vitória do Sporting foi inteiramente justa, mas há que referir que o grande vencedor da noite foi sem dúvida o treinador Jorge Jesus, que depois de ter elevado a fasquia arriscando bastante, ganhou e saiu com a sua posição de treinador determinante, confirmada e reforçada, sendo garantido que muitos dos seus críticos no Benfica já devem estar cheios de saudades dele, mesmo que não o admitam. E cá para mim ainda vão ter muitas mais.


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