O incómodo de Santos Neves

Santos Neves é um prestigiado jornalista de A Bola, um daqueles da velha guarda, dos tempos em que o jornal se podia auto intitular como a Bíblia do Desporto Português, mesmo que sempre tenha sido uma publicação tendenciosamente avermelhada.

Na minha opinião Santos Neves era dos melhores, muito menos faccioso do que Alfredo Farinha ou Aurélio Márcio, só para lembrar dos mais ferrenhos seguidores da cartilha encarnada, mas parece que a idade não é boa conselheira nestas coisas e este senador do jornalismo desportivo português tem usado a sua coluna da última página de A Bola, onde assina um Editorial, para defender os interesses instalados e atacar o Presidente Bruno de Carvalho, que tanto os está a incomodar.

No Jornal do passado dia 27, Santos Neves ainda exultante com o chumbo do sorteio dos árbitros, que certamente vai garantir ao Benfica as convenientes e constantes nomeações dos capelas e dos paixões da ordem, anunciava a segunda derrota daquilo a que chamou de súbita aliança entre Sporting e FC Porto, a propósito das eleições da Liga.

Cantou vitória antes do tempo e na edição de hoje engoliu em seco e com muita azia, assumindo-se desoladamente incapaz de perceber os atributos de Pedro Proença para presidir a Liga de Clubes, atributos esses que ele seguramente encontrava em Luís Duque, um homem com um passado cheio de tortuosas curvas, que foi lá colocado para afrontar o Sporting e o seu Presidente, por uma aliança entre Benfica e FC Porto, que na altura foi muito elogiada e certamente que não foi considerada como súbita.

Santos Neves agora já prevê que com Proença não haverá consenso na Liga, porque certamente acha que o consenso só se faz com a anuência do Benfica e portanto consenso não faltaria à volta de Luís Duque, mesmo que afrontando o Sporting, que certamente para ele não faz falta nenhuma para o tal consenso.

Para finalizar Santos Neves adivinha que agora o próximo passo será o abate de Vítor Pereira, porque a magna questão é e sempre será arbitragem. E adivinha bem, com Vítor Pereira o Benfica teve colinho, manto protector, limpinho, limpinho e sabe-se lá mais o quê, mas apesar de todas as confusões nas nomeações e nas classificações, com o caso Marco Ferreira ainda por explicar, o que levou os Clubes a desejarem o sorteio, num claro cartão vermelho ao Presidente dos árbitros, Vítor Pereira mantém-se agarrado ao lugar, e assim se vai manter, apoiado por aqueles a quem tem prestado relevantes serviços, até ser apeado, para desgosto de todos os que tanto gostam dos métodos dos duques e valetes deste pobre futebol português, que treme de terror sempre que sopram ventos de mudança.

Para finalizar não posso deixar de referir a posição dúbia de Pinto da Costa, claramente a perder faculdades e que agora se encosta ao Sporting, porque perdeu algum poder para o Benfica, mas que antes não hesitou em aliar-se aos seus figadais inimigos, só para provocar Bruno de Carvalho. Enfim os seus métodos sempre foram pouco recomendáveis, mas antes ele era a locomotiva, agora já vai a reboque e anda aos zigue zagues.

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