A primeira vez de Jesus

Na sua primeira aparição pública, o Sporting de Jorge Jesus já mostrou alguma coisa do que será esta nova versão de uma equipa que todos querem mais ambiciosa e, que naturalmente terá outra cara sob o comando do novo treinador.

Para já foi possível ver que a equipa pressiona mais alto e aparece com mais gente na frente, o que obriga a trabalhos redobrados para o duo que joga no meio, enquanto o posicionamento mais adiantado da defesa, envolve riscos acrescidos e vai obrigar a muito trabalho até que a linha defensiva fique afinada.

Nas laterais acho que estamos bem servidos, com jogadores aguerridos e capazes de fazer o vai e vem constante pelas alas, mas sem centrais rápidos, vão ser necessários cuidados acrescidos com as costas.

Neste capitulo, ou muito me engano, ou continua a faltar o tal patrão para a defesa, pois para já Michael Ciani fez-me lembrar de um Naby Sarr, mas com 30 anos, enquanto Naldo deu boas indicações, parecendo um defesa seguro e com bom posicionamento no terreno, mas também revelou pouco à vontade com a bola nos pés e alguma lentidão, pelo que para já Paulo Oliveira vai continuar a ser o líder daquela defesa, até porque Tobias Figueiredo ontem andou muito perdido e hesitante, num daqueles dias em que complica tudo graças às suas paragens cerebrais, que talvez recomendem um empréstimo muito bem pensado, provavelmente lá para Janeiro se Ewerton voltar em condições. Enfim, acho que teria sido melhor somar o investimento feito nestas duas torres, com mais alguns pozinhos e contratar um central a sério.

No meio campo tenho muitas dúvidas de que João Mário consiga ter andamento para aquilo que este sistema lhe exige e, ou muito me engano, ou mais tarde ou mais cedo vai ser engolido por esta mudança de estratégia, que pede aos médios que corram muito e até recomenda jogadores com outro cabedal. De resto com William Carvalho ou com outro que venha para o lugar dele, seguramente que Adrien Silva vai ganhar uma nova dimensão na posição 8, empurrando o 17 para o banco e passando a ter um homem com outro peso atrás de si. Ontem Rúben Semedo voltou a aparecer na posição de trinco e por vezes quase como um terceiro central, mas falta-lhe dimensão e pés para tanta responsabilidade nesta equipa.

O que não percebi muito bem foi a adaptação de André Martins ao lugar de segundo avançado, mas talvez a ideia seja ter um jogador capaz de ajudar no meio campo e simultaneamente apoiar o ponta de lança, uma espécie de 10 que Fredy Montero pela sua falta de disponibilidade para o trabalho defensivo, nunca poderá ser.

Resta saber se é aqui que vai encaixar o Bryan Ruiz, ou se será como extremo, uma posição na qual até estamos bem servidos, com o miúdo Gelson Martins a prometer confirmar tudo o que prometeu na Equipa B, apesar da concorrência ser forte, mesmo que não se saiba o que esperar de André Carrillo.

No ataque Teo Gutierrez mostrou qualidade, apesar de se ver que é um jogador com menos ritmo do que a maioria, enquanto Islam Slimani continua a ser filho único neste plantel. De qualquer forma acho que estes dois partem na frente na luta pela titularidade num 4x4x2 ao gosto de Jorge Jesus,

Quanto ao jogo, a equipa mostrou alguns bons pormenores em termos ofensivos, perante um adversário que jogou o jogo pelo jogo, e se Islam Slimani desperdiçou três oportunidades flagrantes para dar outra cor ao marcador, também é verdade Rui Patrício evitou males maiores pelo menos em duas ocasiões.

Na 2ª parte com as substituições e principalmente com a falta de entrosamento na defesa, isto para não exagerar nas criticas, as coisas pioraram, mas vá-lá que Rui Patrício nos pôs na final, um jogo que seguramente terá outro grau de exigência.


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