Respeito ou medo

Muita luta, pouco espaço, nenhuma inspiração, zero oportunidades de golo, um alto índice de passes falhados, os guarda redes de folga e nem sequer um bocadito de emoção junto às balizas, assim se pode traduzir a 1ª parte do "derby" de ontem, que teve um ligeiro ascendente territorial do Benfica no primeiro quarto de hora, enquanto William Carvalho não apareceu a empurrar o jogo para o outro lado, chegando-se ao intervalo com um monótono 5-0 em cantos, a favor do Sporting.

Os Leões entraram um pouco melhor na 2ª parte, mas percebeu-se que o dedo dos treinadores poderia ser decisivo num jogo que caminhava tristemente para um zero a zero final. Mexeu primeiro Jesus, lançando Talisca, mas sem nenhuns efeitos práticos.

Marco Silva esperou e esperou, até que Fredy Montero e André Carrillo deram finalmente algum trabalho a Artur. Faltavam 15 minutos quando o treinador do Sporting lançou Carlos Mané, mas também sem sucesso.

A 5 minutos do fim Marco Silva preparava-se para arriscar um bocadinho, previsivelmente com uma troca directa de avançados e a entrada de Diego Capel para o lugar de um dos médios, quando Samaris ofereceu o golo a João Mário que permitiu a defesa a Artur, mas na recarga Jefferson não perdoou.

Parecia que iria prevalecer aquela velha máxima de quem joga para empatar arrisca-se a perder, quando Jesus resolveu recorrer a outra não menos antiga regra do futebol: bola para o barulho e seja o que Deus quiser.

Aqui talvez tivesse sido a hora de Marco Silva responder com a entrada de Naby Sarr. Mas o que se diria se o resultado fosse o mesmo? E o que estaria agora a penar Jesus, se Jefferson não tivesse estragado tudo no último instante.

Enfim é futebol e o empate foi um resultado amargo por ter sido concedido quando já todos contávamos com a vitória, mas a verdade é que o Sporting também não fez muito por justificar os três pontos.

No fim Marco Silva afirmou que a entrada de André Almeida no onze inicial do Benfica reflectia o respeito de Jesus pelo Sporting e realmente parece-me evidente que o treinador benfiquista apostou claramente em garantir em primeiro lugar o empate, mas do outro lado também não se arriscou quase nada, não sei se por respeito ou por medo.

O que é certo é que o Sporting jogou quase sempre com 10, pois Fredy Montero passou o jogo todo escondido atrás dos defesas benfiquistas, não se percebendo porque é que Junya Tanaka não entrou mais cedo, já que infelizmente não há Islam Slimani.

No fim os benfiquistas festejaram como se tivessem ganho, a fazer-me lembrar um certo jogo no Funchal, isto depois de Rui Patrício não ter feito uma única defesa ao longo dos noventa e muitos minutos, chegando mesmo a fazer exercícios de aquecimento para não enregelar de frio, algo provavelmente inédito nos "derbys".

A minha pergunta continua a ser a mesma: Onde é que estão aquelas grandes diferenças entre Sporting e Benfica que a generalidade dos jornalistas e comentadores continuam a referir como se tratasse de algo indesmentível. Só se for nos orçamentos e no peso sobre os apitos e as bandeiras, sobre os quais desta vez até nem há nada a dizer.

Comentários