Arigatô Tanaka

Tal como eu havia escrito aqui, este jogo tinha uma importância vital para o Sporting e parece-me evidente que os jogadores também perceberam isso, dando uma dando uma resposta muito positiva, mas os problemas da equipa não deixaram de ser bem visíveis, mesmo que o golo de Junya Tanaka os tenha escondido por agora.

O jogo teve várias fases e nos primeiros 20 minutos foi do Braga um ligeiro ascendente, com os seus jogadores a ganharem a maior parte das bolas divididas, mas não se pode dizer que tenham havido oportunidades de golo, a não ser naquela branca de Rui Patrício, que Pardo desperdiçou ajeitando com o braço e rematando à barra.

Na fase final da 1ª parte o Sporting reequilibrou, com Nani a puxar dos galões e a empurrar a equipa para a frente, com alguns remates perigosos, mas  o nulo ao intervalo era um resultado justo, num daqueles jogos que parecia talhado para um zero a zero, a não ser que surgisse um erro, ou um momento de inspiração.

No entanto na 2ª parte tudo foi diferente. Logo a abrir tivemos a branca do costume de Maurício, valendo Rui Patrício que tinha estado estranhamente intranquilo na 1ª parte. Mas daí para a frente o Sporting vestiu a pele de candidato ao título e mostrou que estava ali para ganhar o jogo, e teve uma sucessão de 4 ou 5 excelentes oportunidades de golo, uma das quais escandalosamente desperdiçada por João Mário, com a baliza aberta à sua frente.

O golo adivinhava-se, mas o Sporting não marcou e o jogo entrou naquela fase em que as equipas perderam alguma intensidade, com os jogadores a começaram a evitar correr riscos. Foi nessa altura que os treinadores resolveram mexer. Conceição trocou de extremos e apostou na experiência e na criatividade de Alan, refrescando a equipa sem alterar a sua estrutura. Marco Silva foi um pouco mais ambicioso, trocando de avançado e mudando o esquema para um 4x2x3x1, com Carlos Mané mais próximo de Junya Tanaka.

Curiosamente a alteração não surtiu os efeitos desejados e foi o Braga que nesta ponta final se tornou mais perigoso, valendo aí a falta de pontaria de Eder e um corte providencial de Maurício, Mas a verdade é que olhando para o banco do Sporting não se viam outras alternativas e, se Carlos Mané não está propriamente em grande forma, Junya Tanaka apenas podia acrescentar a sua maior mobilidade e entrega ao jogo, que até acabaria por seu decisiva,

Estava eu a pensar na falta que Islam Slimani tinha feito e convencido de que com ele o Sporting teria ganho o jogo, quando Junya Tanaka ganhou aquele livre que concretizou de forma brilhante, alterando todas as crónicas e comentários que já fervilhavam na ponta dos dedos e das línguas, dos grandes críticos do futebol nacional. Arigatô Tanaka, livraste-nos da boa.

De facto se aquela bola não entra, hoje toda a gente estaria a falar da ausência de Islam Slimani e das substituições mal conseguidas de Marco Silva, que tinha perdido o meio campo. Estaria aberto o caminho para o reactivar na questão do despedimento do treinador, para gáudio dos inimigos do Sporting e, o assunto seria inevitavelmente levantado na Assembleia Geral do dia 17.

Mas a verdade é que não é por aquela bola ter entrado que o avançado japonês passou a ser a solução para os problemas desta equipa, que continuam bem visíveis e, se com Islam Slimani não houve jogos fáceis em Alvalade, agora as dificuldades ainda vão ser maiores e como Marco Silva disse no fim do jogo, vai ser necessário jogar de uma forma diferente, pois a solução dos cruzamentos deixou de ser uma boa opção. Veremos como a equipa irá responder a esse desafio no jogo com o Rio Ave.


Comentários