A Assembleia Geral do dia 17

Como eu já tinha aqui referido, o jogo de Braga tinha uma importância que ia muito para além da luta pelo apuramento para a Liga dos Campeões, porque entre outras coisas iria influenciar o ambiente e as discussões na Assembleia Geral (AG) do próximo dia 17.

Ultrapassados os festejos do golo de Tanaka, dediquei-me a dar uma volta pelos diversos canais e deliciei-me com as caras de decepção da esmagadora maioria dos comentadores de serviço, que seguramente já tinham na ponta da língua o veneno com que desejavam ressuscitar o assunto do despedimento de Marco Silva, que seria alimentado pela tal clausula dos 15 pontos e pelas visíveis insuficiências do plantel, que terão estado na origem das divergências entre o treinador e o presidente. O mesmo seguramente se poderá dizer em relação aos sportinguistas que no meio desta polémica adoptaram Marco Silva como o seu novo ódiozinho de estimação, porque ele cometeu a heresia de responder ao por eles adorado Presidente, que não pode ser criticado e tem sempre razão. Para esses os argumentos seriam as substituições tardias e a classificação na Liga. Mas graças a Tanaka os nossos inimigos externos ficaram todos com cara de funeral e a AG seguramente vai ser muito mais pacifica do que alguns desejariam.

Posto isto aproveito para aprofundar aquilo que me parece ser importante discutir nesta AG, que na minha opinião foi marcada de uma forma intempestiva pelo Presidente, quando se sentiu injustamente acossado pelas criticas dos sócios e adeptos. De resto foi o próprio que "ameaçou" repensar se valeria a pena tanta dedicação, isto sem esquecer as indirectas no mesmo sentido de mensageiro José Eduardo. Ou seja esta AG resulta de uma reacção emotiva do Presidente e na minha opinião vem numa altura errada, pois o balanço da primeira metade do mandato desta Direcção faria todo o sentido, mas apenas depois de concluída a época desportiva.

Mas agora que está marcada convinha aproveitar para questionar a Direcção sobre algumas das áreas onde as coisas ainda não entraram nos eixos, logo a começar pela comunicação, onde há a saudar a concretização do sonho Sporting TV, mas o site é uma miséria e o jornal continua longe daquilo que eu considero ser exigível. Não há muito tempo ouvi Bruno de Carvalho na "Hora do Presidente", a referir-se vagamente àquilo que julguei ter percebido ser uma espécie de plataforma digital, que estará em estudo e gostava de saber concretamente o que é que se pretende fazer nesta área tão carenciada.

Em relação ao jornal as minhas criticas nada tem a ver com questões menores como a qualidade do papel ou das fotografias, mas antes com uma visão estratégica daquilo que eu penso que deve ser o jornal Sporting, que não pode querer competir com os diários desportivos e não deve ser orientado por questões meramente economicistas. O jornal Sporting deve apostar essencialmente em conteúdos exclusivos que para além das óbvias entrevistas e dos artigos sobre o nosso riquíssimo passado, que sempre fizeram parte da sua politica editorial, tem na minha opinião o dever de acompanhar toda actividade desportiva do Clube, principalmente aquela que não aparece nos desportivos em vez da que já foi amplamente relatada e discutida pela comunicação social, em cima do acontecimento, o mesmo se devendo dizer em relação ao site, esse sim, que deveria fazer o acompanhamento na hora de toda a actividade desportiva do Clube.

Só para dar dois exemplos daquilo a que me refiro, diria que na época passada o Sporting foi campeão Regional de Futebol em Juvenis e Iniciados e praticamente não se leu nada sobre essas equipas, nem no jornal nem no site, que deveria ter algo como isto (Formação), que é feito por uma só pessoa sem acesso a informação privilegiada. Nessa matéria o jornal até piorou, pois agora a informação sobre os campeonatos regionais da formação, limita-se aos resultados e marcadores dos golos. A única coisa que melhorou no jornal, foi que acabaram com as resmas  de artigos de opinião que ninguém lia.

Há também a questão do dia da publicação do jornal ser a 5ª feira ,o que significa que os assinantes que vivem fora de Portugal continental só recebem o Sporting na semana seguinte. Agora digam-me qual é o interesse que tenho em ler, agora que acabei de receber o jornal, o relato do jogo do Estoril e antevisão da deslocação a Braga. Diga-se que já coloquei esta questão a quem de direito. Os primeiros disseram-me que tinham feito a alteração (antes o jornal saia ás terças) porque queriam direccionar a publicação para a promoção dos jogos do fim de semana seguinte Azn, os actuais responderam-me que iam passar a proceder ao envio na 4ª feira, mas os resultados da medida, se é que ela foi implementada, foram nulos.

Depois temos a decadência do futebol na área da formação, onde aos maus resultados, se juntam algumas contratações inexplicáveis e uma clara diminuição da qualidade do jogador Academia Sporting. Nesta matéria não vale a pena enterrar a cabeça na areia, o problema existe e se é verdade que já vem de trás, também é uma realidade que não se vislumbras melhorias, antes pelo contrário. Ganhar pode não ser o mais importante na formação, mas daí até estarmos a 19 pontos do 1º classificado nos Juniores, onde foram contratados 15 jogadores esta época, a maior parte dos quais para pouco jogarem, e sermos eliminados pelo Real Massamá nos Juvenis, já para não falar na Equipa B,  onde ainda não se percebeu porque é que despediram o Abel no segundo dia de trabalho desta época, nem porque é que se foi buscar um treinador como o João de Deus, sem esquecer as várias contratações esquisitas que também tem sido feitas para este escalão. O desinvestimento não pode explicar tudo, parece-me que também falta ali competência.

Em relação ao futebol profissional é verdade que sem dinheiro é mais difícil acertar nas contratações, mas não é isso que eu ponho em causa. O que eu gostava de saber é porque é que se contratou tanta gente; Porque é que se contrataram jovens  para posições onde temos da mesma idade iguais ou melhores (Saar e Rabia/Tobias, Geraldes/Esgaio, Sacko/Podense, Iuri e Gelson); Porque é que as contratações não foram feitas em consonância com as necessidades expressas pelo treinador, o que se depreende pelo facto deste ter despachado alguns desses jogadores para a Equipa B e não utilizar outros.

Mas mais uma vez aqui as minhas criticas não são um simples bota abaixo, sustentam-se naquilo que é a minha visão para um Clube que tem, ou tinha, uma formação de excelência, o que ainda é a sua imagem de marca, pelo que volto a apontar para a necessidade de haver na estrutura do Futebol alguém que perceba mesmo do assunto, ou seja um Director Técnico algo que eu defendo pelo menos desde que Lazlo Boloni foi dispensado, em vez de ter sido chutado para cima, ele que na minha opinião tinha o perfil exacto para ser o responsável por todo o edifício do futebol leonino, desde os iniciados até aos seniores. Um homem capaz de supervisionar tudo isto e de prever e programar o crescimento dos nossos jovens e ao mesmo tempo suprir as necessidades da equipa principal, com poucos mas bons reforços.

Isto para além de recomendar que sigam o programa eleitoral proposto em 2013, que volto a citar:

  • Jogadores estrangeiros não adaptados ao futebol português apenas se forem mais-valias claras. As contratações de jogadores estrangeiros, não adaptados ao futebol português, estará sempre dependente de serem considerados, pelo treinador principal e pela equipa Directiva como uma real valia para o reforço da equipa, apoiados em base nos relatórios emitidos pelos departamentos de Scouting e Sociológico.
  • A escolha do treinador principal terá sempre em atenção os modelos de jogo e as filosofias implementadas pelo Sporting Clube de Portugal.
  • Deverá ser a partir do plantel actual, com alguns excelentes jogadores e alguns com previsível futuro muito risonho, que se deve construir o próximo plantel. Sempre tendo em atenção os aspectos financeiros. Deverá ser absolutamente proibido aumentar o passivo da SAD por via da compra de passes de jogadores, investindo recursos que não estejam disponíveis. Cinco ou seis jogadores, numa escolha cirúrgica, experientes (ter em atenção que no futebol a experiência não está directamente relacionada com a idade) e capazes de acrescentar valor ao plantel existente, serão suficientes para a construção de uma equipa que possa lutar pelos objectivos de curto, médio e longo prazo do Clube. Lutaremos por um Sporting Clube de Portugal Campeão!
Temos também a questão do Atletismo, onde pese embora as restrições financeiras sejam uma limitação complicada de ultrapassar perante os ataques do rival do outro lado da 2ª circular, que por exemplo ganhou o Nacional de Estrada feminino, graças às duas atletas que foi buscar ao Sporting esta época. Independentemente disso parece-me evidente que esta modalidade merecia um pouco mais de carinho e atenção da parte desta Direcção, pois trata-se daquela que mais títulos deu ao Clube.

O ponto em que está a Missão Pavilhão e os famigerados 18 milhões do investidor que alguns dizem que estava assegurado na altura das eleições são outros assuntos que poderão ser esclarecidos pela Direcção nesta AG.

Só espero é que não se perca mais tempo a discutir as relações do presidente com o treinador, ou os cenários de despedimento deste e muito menos os disparates do José Eduardo, que espero não ponha lá os pés.

Finalmente elogios muitos elogios a esta Direcção e principalmente ao seu Presidente, pelo que já foi feito na recuperação financeira do Sporting, na luta contra os interesses instalados no futebol português e no nosso próprio Clube, pelas muitas propostas válidas para melhorar o que está mal no futebol em geral, pela firmeza e a dedicação nessas e noutras batalhas, pelo que de bom já foi feito na área desportiva e pela Sporting TV. De resto não tenho dúvidas de que ele vai receber o merecido e desejado apoio da esmagadora maioria dos sócios leoninos.



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