Outra vez o Director Técnico

Na sequência das polémicas sobre a situação actual da formação do Sporting, que motivaram um trabalho apresentado hoje no jornal do Clube, eu vou recuperar uma ideia que já defendo há mais de 10 anos, ou seja a criação do cargo de Director Técnico, algo que me parece fundamental num Clube que ao construir uma infraestrutura como a Academia de Alcochete, não pode deixar de apostar nos frutos daquela linha de produção de talentos, ou então não valia a pena investir tanto na formação, da mesma maneira que não faz sentido inverter essa política, como de certa forma começou a acontecer na fase final do Projecto Roquete.

Durante o último processo eleitoral apostei todas as minhas fichas em Bruno de Carvalho e até senti a necessidade de exercer o meu direito de voto por correspondência, tal era a minha vontade em contribuir para um final feliz na caminhada corajosamente iniciada por Miguel Paim e André Patrão, com o movimento Dar Rumo ao Sporting.

No entanto logo nessa altura apontei duas  áreas onde o "meu" candidato me parecia menos seguro. A primeira era a financeira, onde a sensação que me dava era que Bruno de Carvalho não tinha um único cêntimo para acorrer aos primeiros fogos, com que inevitavelmente se ia deparar se fosse eleito, o que de facto se confirmou, quando a banca ameaçou retirar-lhe o tapete logo nos primeiros dias da nova gerência. Isto sem esquecer que os investidores prometidos ainda estão por aparecer. No entanto com maior o menor dificuldade, esta Direcção lá tem conseguido manter o barco em andamento, ora cortando nas gorduras e até em algumas magrezas, ora fazendo bons negócios e por vezes até alguns milagres.

A outra área a que me referia era o Futebol, não só pela inexperiência de Inácio, Virgílio e do próprio Presidente, mas também por algumas ideias que constavam no programa proposto aos sócios. Hoje quase dois anos depois da eleição, posso dizer que os meus temores se confirmaram, mesmo que me pareça que Bruno de Carvalho acertou em cheio na escolha dos treinadores e que até me tenha surpreendido muitas vezes pela positiva, na gestão do futebol leonino, que melhorou a olhos vistos.

Que o Presidente tem uma enorme capacidade de liderança, isso é inegável, mesmo que por vezes se exceda, tal é a sua vontade de estar em todo lado e de acudir a todos os fogos, mas na área técnica falta-lhe claramente alguém em quem se apoiar e a prova disso é a politica errática de contratações e a gestão muito duvidosa da Equipa B e da formação.

É aqui que entra o tal Director Técnico de que eu falo pelo menos desde que Lazlo Boloni foi dispensado, em vez de ter sido chutado para cima, ele que na minha opinião tinha o perfil exacto para ser o responsável por todo o edifício do futebol leonino, desde os infantis até aos seniores. Um homem capaz de supervisionar tudo isto e de prever e programar o crescimento dos nossos jovens e ao mesmo tempo suprir as necessidades da equipa principal, com poucos mas bons reforços.

Boloni na minha opinião tinha tudo para ser essa figura, sério, dedicado, conhecedor, organizado e principalmente com dedo para a detecção de talentos, mas não foi aproveitado e em vez disso tivemos de levar anos e anos a fio com o Freitas, entre outros curiosos e aprendizes, como de certa forma também são o Inácio e o Virgílio.

Mas ainda não é tarde, assim o Presidente perceba que afinal e estrutura do futebol devia ser mesmo formada por três homens abaixo dele: o Director Técnico e dois Directores, um para a formação outro para o futebol profissional. Resta saber se há espaço e habilidade para não ferir susceptibilidades e delegar responsabilidades, mas se for preciso ir mais longe paciência.

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