Roubar é humano

Se dúvidas houvessem elas estão desfeitas, temos treinador, temos equipa, falta-nos apenas um patrão para aquela defesa, mas há coisas que só acontecem ao Sporting.

A primeira meia hora do Sporting ontem em Gelsenkirchen esteve ao nível do melhor que eu já vi em mais de 30 anos a acompanhar o futebol a verde e branco. Foi uma equipa personalizada, mandona e com muita classe, sustentada num meio campo de magnifico, com dois laterais muito ofensivos e extremos desequilibradores, que chegou à vantagem com inteiro merecimento dando um banho de futebol aos alemães.

Depois Maurício, o árbitro e desta vez também Rui Patrício, estragaram tudo. O central brasileiro dá o litro, mas é pouco inteligente, primeiro leva um cartão sem necessidade e depois arrisca uma entrada a destempo que o árbitro não lhe perdoou, mostrando-lhe o um segundo cartão que pecou por excesso de rigor, o que não desculpa o destempero de Maurício, nem a sua falta de jeito visivel noutros lances. A insistência neste jogador é a única critica que eu tenho a fazer a Maurício, Eh pá, mete o "tiririca", pior não fica.

Logo de seguida foi a vez de Rui Patrício deixar entrar uma bola relativamente fácil, numa altura em que a equipa estava desconcentrada, na sequência da expulsão de Maurício. Logo ali pensei que no velho fado sportinguista, pois aquilo estava a ser bom de mais para ser verdade e de repente tudo desabava em cima de nós num só minuto.

Com menos um o Sporting reequilibrou-se, mas deixou de ser o dono do jogo e ao sofrer dois golos no início da 2ª parte parecia definitivamente arrumado, isto sem que o Schalke tenha mostrado nada que justificasse aquela vantagem, a não ser o tradicional pragmatismo alemão.

O que mais me surpreendeu foi a reacção do Sporting, que em vez de se deixar abater pelas contingências desfavoráveis do jogo foi atrás do prejuízo, chegando ao empate com inteira justiça, sob a batuta de um enorme Adrien Silva, que me fez voltar a acreditar.

O que se passou a seguir não tem qualificação. Já não bastava termos três a roubar, agora temos cinco e se for preciso ainda há mais um lá ao pé dos bancos. Eu até posso admitir um um cego não veja algumas coisas, agora quando alguém consegue ver o que não existiu e se dá ao luxo de marcar assim um penalti no último instante do jogo, já dá não para desconfiar, dá é para ter a certeza de como é que estas coisas funcionam, para alegria dos platinis deste mundo.

Mas este jogo deu para tirar pelo menos três conclusões importantes:

A batalha pela introdução das novas tecnologias no auxilio das arbitragens tem de subir de tom e de ser levada até onde for possível e mesmo onde for impossível.

Com um central a sério se calhar já estávamos quase qualificados e mais perto da liderança do campeonato, e digo se calhar, porque também sei que quanto mais a equipa jogar, mais os 3, 4, 5 ou 6 do costume, vão aviando as suas encomendas, e sem vergonha nenhuma com se viu ontem.

Esta derrota não pode ser vista como uma vitória moral, mas se calhar é o melhor que nos pode acontecer. Com o tal central teremos equipa para ganhar a Liga Europa, que é muito melhor do que levar com um Real, um Barça ou um Bayern, nos oitavos de final da Liga dos Campeões e ir para casa logo a seguir.

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