A não renovação de Paulo Bento

Fui durante muito tempo um defensor de Paulo Bento, e ainda hoje continuo a achar que atendendo às circunstâncias ele até fez um bom trabalho no Sporting, apesar de alguns erros e teimosias, o mesmo se podendo dizer em relação aos seus primeiros tempos na Selecção que encontrou de rastos e  que conseguiu endireitar.

Para além dos resultados em si, também sempre considerei Paulo Bento um homem de carácter e admirei a forma como muitas vezes defendeu o Sporting quase sozinho e aguentou alguns ataques traiçoeiros de gente que cultiva ódios de estimação.

No entanto de há um ano para cá que tenho vindo a perder muito do respeito e admiração que tinha por ele, pois as suas escolhas durante a campanha para o Mundial de 2014 e para a fase final no Brasil, tornaram-se completamente inexplicáveis. Mas sobre isso já aqui escrevi anteriormente.

Depois do fracasso do Mundial, a Direcção da FPF resolveu renovar a confiança no Seleccionador, que por sua vez revelou não ter aprendido com os erros do passado, pois se bem me lembro na altura em que ele saiu pelos seus próprios pés do Sporting, afirmou que o seu maior erro em Alvalade tinha sido aceitar a renovação do último contrato, não percebendo que já não teria condições para continuar o seu trabalho, quanto mais para ser o "forever", pois a maioria dos Sportinguistas já não o suportava.

Agora a história repetiu-se.Fernando Gomes disse que tínhamos um dos melhores seleccionadores do mundo, mas quase todos os portugueses pensavam que estava na altura de mudar, e essa mudança deveria começar por um Seleccionador já muito desgastado.

Paulo Bento aceitou ficar e pedia-se a renovação da Selecção, uma ideia que definitivamente não casa com ele. Na sua primeira convocatória para a campanha do Europeu de 2016, em relação aos 30 que estiveram pré convocados para o Brasil, apenas sacrificou os lesionados, os desempregado e Rafa, e quanto a novidades chamou Horta, Vezo, Tiba, Antunes, Bruma e Adrien, dos quais apenas o primeiro jogou um bocadinho.

De todos, Adrien Silva continua a ser o caso menos compreensível, pois já ninguém tinha percebido porque é que ele não estivera pelo menos entre os convocados para o Brasil, depois de uma temporada brilhante ao serviço do Sporting. Agora numa altura que está em grande forma, o Seleccionador despreza as rotinas que ele já tem com William Carvalho e prefere dar a titularidade a André Gomes, um daqueles jogadores que parece ter nascido com o dito cujo virado para a lua, pois apesar de ainda nada ter feito na sua carreira, já foi protagonista de uma transferência milionária para o Valência e agora é titular da Selecção Nacional, o que me leva a pensar que se calhar aquela teoria do peso de Jorge Mendes nestas coisas, afinal talvez não seja tão descabida quanto isso.

Entretanto jogadores que estão no fim da linha como Eduardo, Ricardo Costa, Raul Meireles e até João Pereira, continuam a merecer a confiança do Seleccionador, que insiste em convocar coxos como Éder um avançado que não marca golos, Vieirinha um extremo vulgar, Cavaleiro um jogadoor fabricado pela imprensa, ou André Almeida o jogador desenrasca, que faz de lateral direito, esquerdo ou médio, mas não tem qualidade para ser internacional em nenhum destas posições, pois na Selecção devem jogar os melhores em cada lugar e nunca jogadores que servem para desenrascar em caso de necessidade. No entanto já se sabe que em todas as selecções tem de estar pelo menos um representante do Benfica e como não há outro, lá vai o que desenrasca.

Para atenuar as responsabilidades do Seleccionador, agora diz-se que que o campo de escolha é muito reduzido e que não há alternativas de qualidade para os que estão em fim de carreira. Uma teoria com a qual eu discordo completamente, pois à excepção do lugar de ponta de lança, eu vejo muita gente nova com qualidade, e mesmo no ataque, se tivermos em conta que Postiga e Almeida são os homens a substituir, não se pode dizer que isso seja tarefa uma impossível.

Aqui convém recordar que as nossas selecções jovens tem conseguido excelentes resultados nos últimos anos, o que deixa antever que qualidade não falta, mesmo que nem sempre os nossos clubes apostem nessa juventude.

Por exemplo em relação à equipa que em 2011 foi finalista do Mundial de sub-20, é verdade que jogadores como Nelson Oliveira e Nuno Reis não tem tido muitas oportunidades nos seus clubes, ora porque Jesus não aposta num avançado que trabalhado poderá ter condições para pelo menos não ser pior do que os dois a que eu atrás me referi, ou no caso do central, porque foi ultrapassado por outros que são ainda melhores do que ele, com Tobias Figueiredo à cabeça, sim Tobias esse mesmo, que na minha opinião não é pior do que Sarr ou Maurício e já devia estar a jogar na equipa principal do Sporting, o que deveria ser meio caminho andado para chegar à Selecçao. Mas voltando à equipa de 2011, diga-se que pelo menos o Cédric já devia ser titular no lado direito da defesa, mas lá está, o Bento preferiu o outro que desenrasca, restando saber se agora teria convocado no lateral do Sporting se este não estivesse lesionado.

Vamos então à renovação de uma equipa que pode assentar numa base de jogadores experientes e com muita qualidade como Patrício, Pepe, Coentrão, Moutinho, Nani e Ronaldo, tendo depois Cédric na direita, Neto com central ( por enquanto), William e Adrien no meio campo, podendo o problema do ponta de lança ser resolvido com um Ronaldo com total liberdade na frente, mas mais próximo da baliza, o que abrirá espaço para outro extremo, pois a alternativa será sempre apostar para o eixo do ataque, num Nelson Oliveira que não joga no Benfica.

Depois há uma segunda linha de jogadores como Beto, Antunes, Veloso e mais um ou outro que me possam estar a escapar e que ainda podem ser úteis, deixando o resto dos lugares para os muitos jovens com qualidade que há por aí, sem ter medo de os ir metendo à medida que forem justificando tais oportunidades, em vez do os impor por encomenda dos empresários.

Assim temos Antony Lopes na baliza, Esgaio, Tobias, Edgar Ié, na defesa, Danilo, André Martins, João Mário, André Gomes, Rafa e Rony Lopes no meio campo, Carlos Mané, Bruma e Ricardo Horta nos extremos  (todos muito melhores que o Ivan), entre outros mais jovens que estão a aparecer com já se viu no último Europeu de sub-19 e alguns que não tomaram as melhores opções para as suas carreiras e agora estão a marcar passo, embora ainda estejam a tempo de dar jogadores.

OK pronto. convidem-me para Selecionador que eu aceito.


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