As novelas de Agosto

E pronto, com o aproximar do fecho do mercado as novelas do costume estão aí como é habitual, e apesar de todos os esforços da Direcção do Sporting para segurar os principais elementos da equipa, o cerco aperta-se, com alguns jogadores a perderem a cabeça perante o assedio dos comissionistas.

Depois da saída inevitável de Eric Dier, que aproveitou o facto de ter um contrato armadilhado para concretizar o sonho de jogar na Premier League, o cenário repetiu-se com Marcos Rojo, enquanto Islam Slimani parece ter resolvido reclamar um aumento de vencimento, compatível com as vantajosas propostas que terá recebido.

Ambos os jogadores ter-se-ão recusado a treinar, com Bruno de Carvalho desta vez a perder a paciência e a responder com uma posição de força bem ao seu estilo, na defesa intransigente dos direitos do Sporting, que é para isso que ele foi eleito Presidente do Clube.

Em relação ao central argentino a situação era muito complicada, pois a ser verdade o que disseram os jornais e a Doyen, o Sporting estaria obrigado a compensar o Fundo investidor, no valor da oferta que recusasse, isto para além dos 20% a que o Spartak de Moscovo tinha direito, o que colocava a SAD leonina perante uma saída praticamente a custo zero, apesar do peso dos números de que se falava.

Perante isto Bruno de Carvalho partiu para o confronto jurídico, declarando o contrato com a Doyen unilateralmente resolvido, numa estratégia de alto risco que não se sabe como irá acabar, mas para já conseguiu de forma sensacional o concurso de Nani, ao chegar a acordo com o Manchester United para a venda de Marcos Rojo por 20 milhões de Euros, não sem antes obrigar o argentino à rábula do "perdoa-me".

Esta estratégia provavelmente terá alguns custos para o Sporting, pois não estou a ver que saia daqui uma decisão revolucionária no que diz respeito às relações dos fundos com os clubes, o que isso sim seria uma vitória sensacional para Bruno de Carvalho, mas para já resolveu-se a questão a contento do jogador, o que era inevitável e, ganhou-se um ano de Nani, ficando o resto para ser decidido nos tribunais, o que perante os contornos deste contrato à moda da dupla Duque/Freitas, foi o que se pôde arranjar e só no fim se verá se o risco compensou ou não.

Diferente é o caso de Islam Slimani, um jogador que custou uns tostões, mas que agora já vale alguns milhões e que resolveu armar-se em esperto. Aqui estou inteiramente com o Presidente, porque senão nunca mais ninguém se entende e qualquer um poderá tomar uma posição idêntica à do argelino, deixando o clube refém dos caprichos dos jogadores e dos seus empresários.

Portanto mesmo que o Sporting perca algum dinheiro, é importante mostrar ao rapaz e à restante cambada, que às vezes quem tudo quer, tudo perde e, se hoje ele tem boas propostas, amanhã  poderá já não as ter, bastará ficar uns meses encostado para desvalorizar. É certo que o Sporting poderá perder alguns milhões, mas recupera o respeito que há muito perdeu neste circo do mercado de futebolistas. Assim, ou aparece uma proposta consentânea com os valores exigidos pelo Sporting, ou o argelino fica encostado até decidir-se por um "perdoa-me", mas mesmo a sério.

Entretanto talvez fosse bom que lhe mostrassem por onde anda um tal de Van Wolfswinkel, para que ele pudesse perceber as diferenças entre o Sporting e os norwiches e leicesteres desta vida.

Para já nota alta para o nosso Presidente, embora ainda à espera dos resultados finais.

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