Escatologia

A propósito das recentes declarações do Presidente do Sporting, que em Ponta Delgada se referiu ao futebol nacional de uma forma polémica, os portugueses descobriram uma nova palavra e respectivos derivados.

Não sei quem é que abriu o dicionário em primeiro lugar, mas o que é certo é que tem sido um fartote de escatologia e portanto todos ficámos a saber que as declarações de Bruno de Carvalho foram escatológicas. Eu cá por mim confesso a minha ignorância, nunca tinha ouvido falar de tal palavra.

Escatológico ou não, o Presidente do Sporting fala muito e portanto espalha-se amiúde, mas essa diarreia verbal reina no futebol português há décadas, por isso eu ainda não percebi porque é que só agora é que chovem criticas de todos os lados, ás vezes até dos mais incríveis prostitutos, que de repente se transformam em virgens ofendidas.

Devo dizer que a imagem encontrada por Bruno de Carvalho para definir o jogo de equilíbrios na luta pelo controle dos bastidores do nosso futebolzinho, pode não ter sido muito feliz em termos de bom gosto, mas correndo o risco de também ser catalogado de escatológico, a verdade é que não deixa de ser sintomático que da força produzida pelas duas nádegas peçonhentas a que ele se referiu, tenha resultado alguém tão enquadrável com o acto fisiológico também referido, como é o caso do Seara, que escatológicamente falando é do mais mal cheiroso que se pode encontrar: um politiqueiro enterrado até às orelhas no esgoto do futebol português, como de resto faz questão de o exibir quase semanalmente, na sua posição de comentador benfiquista.

Mas deixando para trás o gosto duvidoso, ou escatológico como agora se diz, das declarações do Presidente, vamos ao que mais interessa, ou seja o conteúdo, e aí devo dizer que me revejo inteiramente nelas, com ou sem escatologia. Só é pena que Bruno Carvalho tenha levado um ano a perceber que a nádega esquerda era igual à direita e que se tenha sujeitado ao cheiro nauseabundo de algumas bufas que lhe rebentaram nas mãos.

Já aqui escrevi várias vezes que não faço a mínima ideia de qual a melhor forma de combater o chamado "sistema", acho que já foi feito quase tudo, mas uma coisa é certa, com alianças e paninhos quentes não vamos lá, por isso o meu aplauso para a escatologia, pese embora o inegável mau gosto da mesma. Boca no trombone e lenços no nariz, porque quando se mexe nela enjoa que se farta.

Ingenuamente ou não,  Bruno de Carvalho apresentou propostas e reuniu com os clubes, que até se mostraram receptivos às ideias expostas, mas quando chegou a hora de agir o Presidente do Sporting foi ultrapassado pelas jogadas subterrâneas do costume, que culminaram neste lamentável processo com três candidatos tão escatológicamente perfeitos, como Seara, Alves e Figueiredo, sem esquecer o impagável juiz Rangel. Qual deles o mais intestinalmente podre de cozido.

Igualmente de acordo estou com os tiros dados em direcção Soares Franco, que não podia esperar outra coisa depois de se colocar ao lado do Seara, numa jogada de oposição à estratégia do Sporting. De um antigo Presidente, ainda por cima cujo mandato tem uma auditoria prometida, o mínimo que se esperava era algum recato. Assim cheira azia por todos os lados, parece que ainda há quem não tenha feito a digestão da derrota de Março de 2013.

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