Criticas, comentários e crónicas

Sempre tive a mania de tentar perceber o Futebol um pouco para além do popular "são 11 contra 11 e a bola é redonda" e apesar desta minha paixão pelo jogo já durar para aí há uns 40 anos, ainda não me considero um grande entendido na matéria.

No entanto isso não me inibe de dar uns palpites e de até me meter em análises tácticas, tentando sempre perceber o lado dos treinadores, que tem de tomar decisões, muitas vezes na hora e sob grande pressão, enquanto eu estou confortavelmente instalado no meu sofá, para depois tirar as minhas conclusões à posteriori.

Apesar disto tudo, se há coisa que não suporto é quando alguns treinadores começam a falar como se o Futebol fosse uma ciência, da qual  eles são uns verdadeiros doutores e como tal os únicos que podem ter opiniões e, olham para nós como se fossemos todos burros, esquecendo-se de que se fazem carreira naquela rentável profissão, devem-no a nós adeptos e à nossa paixão pelo jogo.

Mas pior do que esses treinadores, são alguns jornalistas e comentadores de ocasião, cujas analises tem muito pouco de rigorosas, balançando ao sabor dos resultados como se estes fossem a única coisa relevante do jogo, isto sem esquecer o clubismo e alguns ódios de estimação e outros interesses pouco claros.

Estava eu a ver a final da Liga dos Campeões e a imaginar as loas que a generalidade dos críticos iriam tecer ao Atlético de Madrid, que se aprestava para ganhar um jogo depois de ter marcado um golo quase por acidente e de se ter limitado a defender essa vantagem até à exaustão, isto sem querer tirar o mérito ao grande trabalho de Diego Simeone, quando Sérgio Ramos empatou o jogo e mandou centenas de crónicas para o caixote do lixo.

A minha pergunta é: esse golo mudou alguma coisa em relação ao que se tinha passado nos 92 minutos anteriores? A resposta é óbvia. O que mudou foram as crónicas e tudo o que se passou a seguir.

Chegados aqui tenho de fazer um paralelismo com o que de certa forma aconteceu à nossa Selecção no jogo com a Alemanha, no qual eu compreendi as opções de Paulo Bento no sentido da manter a aposta no seu onze e, até na ideia de jogar olhos nos olhos com a Alemanha, pois este era um jogo de perder e portanto onde os riscos seriam calculados e os prejuízos recuperáveis.

Do que ninguém estava à espera era de um conjunto de ocorrências estranhas, desde algumas decisões discutíveis do árbitro, até a uma serie de erros individuais pouco comuns, passando pelas lesões musculares de dois jogadores, que misturadas com a habitual eficiência alemã, resultaram numa derrota pesada que foi logo aproveitada pelos críticos do costume, para o tradicional bota abaixo de ódios cegos, na maior parte dos casos sem qualquer sentido, indo ao ponto de exigências de pedidos de desculpa.

Hoje a bola volta a rolar e o que me preocupa mais é a teimosia do Paulo Bento, que me parece estar preparado para insistir em alguns erros que me parecem óbvios e que começaram logo numa convocatória, onde a segunda linha foi descurada em nome de algumas escolhas inexplicáveis, que agora se traduzem na ausência de um substituto para Fábio Coentrão e na iminência de um tal de André Almeida vir a ocupar o lado esquerdo da defesa, desperdiçando-se assim a possibilidade de se equilibrar um meio campo em claro deficit, onde William Carvalho já deveria ser titular indiscutível e Adrien Silva teria seguramente lugar.

O pior é que para os Estados Unidos todas as soluções podem bastar, mas e depois com o Gana como é que vai ser? Espero que Paulo Bento me surpreenda e não passe de teimoso para casmurro.


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