A difícil arte de contratar.

Embora tenha sido um apoiante da candidatura de Bruno de Carvalho, se havia alguma área onde eu tinha certas reservas em relação às suas capacidades, era no Futebol. Em primeiro lugar devido à sua falta de experiência nesta matéria, depois porque Augusto Inácio também nunca tinha sido Director, tal como Virgílio Lopes que já estava retirado do Futebol há muito tempo e, finalmente porque não havia dinheiro e a equipa precisava de ser quase totalmente reconstruída.

O primeiro passo dado, e talvez o mais importante, foi a contratação de Leonardo Jardim, numa jogada de antecipação perfeita e que até tinha alguns riscos, em virtude de uma certa onda de apoio à continuidade de Jesualdo Ferreira. A escolha do madeirense revelou-se acertada e foi fundamental para que a época tivesse um salto positivo e corresse de forma muito tranquila.

O dossier mais complicado era sem duvida o das contratações, porque sem dinheiro não é fácil actuar num mercado tão competitivo, daí que a missão de Augusto Inácio fosse previsivelmente muito complicada, tendo como principal desafio a necessidade de encontrar um ponta de lança capaz de garantir golos.

O colombiano Fredy Montero foi o eleito, uma escolha surpreendente, pois tratava-se de um jogador que tinha estado esquecido nos Estados Unidos e com um perfil um pouco diferente daquilo que todos esperavam. No entanto esta aposta também foi um sucesso, pois o rapaz iniciou a época em grande plano, superando todas as expectativas, só que depois emperrou e deixou de marcar golos, acabando mesmo por perder o lugar. A próxima época será uma espécie de tira teimas para este avançado, que tem qualidade, mas talvez não seja tão bom como chegou aparentar ser.

Mais tarde chegou Islam Slimani, outra surpresa, embora este sim com o perfil do tradicional ponta de lança. As primeiras impressões deixadas por este argelino, foram na minha opinião assustadoras, devido às suas manifestas deficiências no capitulo técnico, no entanto ele provou ser um lutador incansável e acabou mesmo por ganhar a titularidade, graças a alguns golos importantes que marcou. É um jogador útil sem duvida e ainda tem alguma margem de progressão, vamos a ver se fica e se progride.

No mercado brasileiro o Sporting só teve capacidade para comprar nas divisões inferiores, donde chegaram com muitas reservas MaurícioGerson Magrão e Welder, dos quais apenas o central acertou, ganhando o lugar como titular indiscutível e confirmando ser um jogador de raça que seguramente continuará ser útil, confirmando a boa tradição dos centrais brasileiros. Quanto ao lateral, terá sido prejudicado pela contratação à última da hora de mais um concorrente, mas nem foi utilizado pelo que seguramente não deve ser grande espingarda. O que nunca percebi foi a contratação de um jogador já na fase descendente de uma carreira que não foi brilhante, como Gerson Magrão. Mas pronto parece que esta foi da autoria do treinador.

No mercado português Jefferson foi o primeiro tiro certo, confirmando ser um lateral moderno e com qualidade. Dentro das possibilidade leoninas, era difícil arranjar melhor. Já Salim Cissé foi uma contratação surpreendente, mas se nem no Arouca consegue ser titular, então tudo indica que foi um tiro em cheio na água. O que também não se percebeu bem foi a contratação em cima do fecho do mercado de Vítor, um jogador à beira dos 30 anos e que dificilmente faria a diferença. Aqui acho que é preferível arriscar nos miúdos da Academia, do que contratar jogadores destes.

Também em cima da hora veio Iván Piris, um negócio de ocasião. Foi útil, mas era caro e não justificava o investimento. No entanto esta não foi das piores e nem teve grandes custos.

Na reabertura do mercado chegou Heldon para uma posição onde há muita concorrência. Por enquanto ainda é uma incógnita, mas talvez não tenha sido o melhor investimento. Quanto a Shikabala não me posso alongar muito, pois pouco conheço deste jogador, no entanto o seu perfil não me parece muito recomendável. É outro para ver no que dá na próxima época.

Em 11 contratações 4 foram regularmente titulares, embora os avançados tenham alternado esse estatuto, 2 nem sequer se chegaram a estrear na equipa principal, 3 já foram dispensados e provavelmente este contingente irá aumentar podendo chegar aos 5, restando os 2 que vieram em Janeiro e que ainda precisam de mais tempo, embora um deles até tenha entrado logo na equipa, só que depois não se afirmou.

O balanço não foi propriamente brilhante, mas eu também não esperava milagres e pelo menos os que falharam não tiveram grandes custos. Esperemos que este ano seja melhor.



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