Mais olhos do que barriga

Quando no domingo foi conhecido o onze escalado por Leonardo Jardim para o "derby", a surpresa foi geral, tal como foi praticamente unânime o aplauso à coragem revelada pelo treinador leonino, ao lançar uma equipa de pendor muito ofensivo, numa aposta clara numa vitória que poderia confirmar definitivamente a candidatura do Sporting ao título.

Sei que agora é fácil falar, mas não fiquei muito entusiasmado com as arriscadas opções de Jardim, mesmo que compreenda a ideia de mudar alguma coisa, atendendo à fraca produtividade ofensiva revelada pela equipa nas últimas jornadas.

No entanto parece-me que este não era o jogo certo para se fazer essa aposta no chamado plano b, até porque o Sporting já tinha defrontado o Benfica por duas vezes, em jogos que foram sempre muito equilibrados, terminando ambos empatados, embora um tenha sido resolvido pelo árbitro no prolongamento.

Isso de ter mais gente na área adversária não serve de nada quando a equipa não consegue ter bola e, foi no meio campo que o Sporting perdeu este jogo, uma derrota que começou a ser desenhada com um cirúrgico cartão amarelo mostrado a William Carvalho no jogo com a Académica, sem esquecer a lesão de Jefferson, pois também foram evidentes as dificuldade de Iván Piris, um jogador sem ritmo, que nunca conseguiu travar as investidas do Benfica pela direita.

No fim do jogo Leonardo Jardim disse que a equipa entrou mal, pois não só entrou, como saiu sem praticamente ter criado perigo na área adversário, valendo Rui Patrício para evitar uma humilhação maior.

Ainda por cima o efeito surpresa destas estranhas opções de Jardim perdeu-se com o adiamento do jogo e Jesus naturalmente que aproveitou e agradeceu as facilidades, apresentando um meio-campo pressionante que ganhava todas as bolas divididas e aproveitava para partir para cima de uma defesa que ainda por cima teve dois laterais de papel.

Na frente a equipa ficou coxa e a bola nunca chegou a Islam Slimani, enquanto André Martins e Fredy Montero pareciam peixes fora de água de tal forma que acabou por ser o estreante Heldon quem mais incomodou a defesa benfiquista, que teve uma noite estranhamente tranquila.

Ficam assim evidentes as debilidades deste plantel que Leonardo Jardim tem espremido até à última gota, mas que não tem alternativas para compensar a ausência de algumas peças chave.

Uma palavra para a arbitragem que foi uma lição para os proenças e companhia de habilidades que por aí andam. Deixou jogar, usou um critério largo, às vezes largo de mais no capitulo disciplinar pelo que não se compreende o amarelo a Fejsa, mas foi igual para os dois lados e até os fiscais de linha parece-me que só falharam um fora de jogo. Quando é assim só temos de aplaudir.

Agora resta defender o 3.º lugar e quem sabe tentar chegar ao 2.º se o Pinto da Costa deixar.

Comentários