Ser candidato ou não, eis a questão.

O Sporting é ou não candidato ao título? Eis a pergunta sacramental que se repete dia após dia, a cada entrevista, ou simples contacto com jogadores, treinadores ou dirigentes do Clube, e que resulta da excelente temporada que a equipa de futebol está a fazer, que a levou à liderança do campeonato.

No inicio da época Bruno de Carvalho foi logo avisando que não era possível passar da pior época de sempre para a melhor e, toda a estrutura do futebol leonino adoptou a cautelosa estratégia do "jogo a jogo" sem assumir a posição de candidato ao título que o Sporting sempre ostentou por direito histórico.

Face aos conhecidos constrangimentos financeiros da SAD e às diferenças de orçamento em relação ao dois grandes rivais, sem esquecer o que se tinha passado na temporada transata, ninguém estranhou estas cautelas, que até foram aplaudidas e unanimemente consideradas como realistas.

O que é certo é que o Sporting foi somando pontos jornada após jornada, até chegar à liderança, ao mesmo tempo que ia apresentando um futebol de qualidade superior e, mesmo não tendo ganho nenhum dos quatro confrontos com os seu velhos rivais, a verdade é que nem nesses jogos se viram as tão faladas grandes diferenças, entre o Sporting e os propalados favoritos, a não ser em matéria de apitos e bandeirolas.

Perguntarão: então porque é que não assumem a candidatura, se no campo ela já está mais do que justificada? É evidente que tudo não passa de uma questão de estratégia, que foi definida e estando a resultar, não há razões para ser alterada.

O discurso é o que é e naturalmente que não irá ser alterado tão cedo, mas a verdade é que do balneário aos gabinetes de Alcochete e Alvalade, já toda gente sonha com o caneco e com toda a legitimidade.

Mas será que o Sporting é mesmo candidato? A pergunta não é de resposta fácil. A época ainda vai a meio e muitos são os factores a pesar: o plantel é curto mas se não houver impedimentos até pode ser suficiente para as duas competições em disputa e, se for bem retocado ainda melhor; o trabalho de Leonardo Jardim tem sido brilhante e a estrutura do futebol está a funcionar na perfeição, mas vamos ver como é que o grupo se aguenta se a coisa estremecer um bocadinho; o grande problema é a falta de peso nos bastidores, que ficou bem evidente no golo recentemente anulado a Islam Slimani. Aquilo na Luz ou no Dragão era bola ao centro e ponto final.

Para já segue-se um jogo de grande importância no Estoril, onde uma vitória não só afasta o 4º classificado, como garante ganhos em relação a pelo menos um dos rivais. Outro resultado qualquer, principalmente uma derrota, será como um balde de água fria despejado em cima dos sonhos que todos alimentamos.

Depois virão mais dois jogos para o campeonato e outros para a Taça da Liga, onde a equipa terá de se manter na corrida, antes do "derby" da Luz, onde então sim já teremos um teste verdadeiramente exigente. Mas antes temos que virar este Janeiro na frente, depois sim talvez comece a ser inegável que somos candidatos, mesmo que a estratégia de não o assumir seja também para manter, ou talvez seja a altura de todos cairmos na realidade tudo não passou de um bonito sonho.

Comentários