As virgens ofendidas

Tem dado brado as declarações de Bruno de Carvalho a propósito da vergonhosa arbitragem de Manuel Mota no último Sporting-Nacional, que suscitaram um verdadeiro coro de criticas vindas de quase todos os lados, desde jornalistas e comentadores, até a alguns antigos protagonistas, sejam eles jogadores, treinadores ou dirigentes.

É sabido que eu nem gosto muito do estilo de Presidente do Sporting, que na minha opinião ás vezes quando fala derrapa para o exagero e espalha-se com alguns disparates, o que mais uma vez aconteceu depois do jogo de domingo, quando ele se referiu a foras de jogo mal assinalados e a entradas violentas, sem se esquecer de chamar estúpidos aos comentadores do costume.
 
Nada de novo portanto, a não ser o espanto e a indignação que estas declarações parecem ter despertado em quase toda a gente, ao ponto de eu ter visto saírem a terreiro alguns destacados membros da corte do velho Pinto da Costa, que como se sabe construiu a sua prestigiada reputação com um estilo de tal forma parecido como o agora utilizado por Bruno de Carvalho, que este não se livra das acusações de estar a tentar imitar o "papa do norte".
 
É claro que a famosa ironia do presidente do FC Porto é muito mais engraçada do que as metáforas de Bruno de Carvalho, mas este não só tem todo o direito de botar a boca no trombone, como tem a obrigação de o fazer na defesa dos interesses do Sporting, e é isso que eles estão a estranhar, pois estavam habituados a dirigentes muito educadinhos que comiam e calavam.
 
Até aquele pateta do Figueiredo que em tempos enquanto dirigente do Estoril defendeu mais os interesses do Benfica do que os do clube que era suposto representar, teve o desplante de dizer que no seu tempo não passava a vida a clamar contra os árbitros e, o pior é que ninguém o pôs no seu devido lugar, como seria tão fácil de fazer, tal é o historial triste deste artista.
 
Bruno de Carvalho falou e fez muito bem. Exagerou um bocado é verdade, mas esse é o seu estilo que pelo menos serve para ampliar os efeitos dos protestos que se sucedem em vão há anos a fio. Portanto se não vai a bem, não custa nada tentar um caminho mais agressivo, porque piorar não piora de certeza.
 
Assim neste caso estou totalmente do lado do Presidente nesta sua campanha contra os apitos finais e dourados, que tem sido muito bem sustentada no Jornal Sporting. É pau para cima deles doa a quem doer, porque isso não é mais do que o expressar do sentimento da revolta de centenas de milhares de sportinguistas, que já estão fartos de levar na cabeça sempre da mesma maneira.
 
Era só o que faltava agora se o direito à indignação fosse um exclusivo daqueles que andam há anos a ser beneficiados e que mesmo assim ao mínimo prejuízo saem logo das suas zonas de confronto para desancarem nos árbitros, sem que estes e a sua patética associação ,tenham a coragem de reagir, ao contrário do que fazem em relação ao Sporting, com greves e tudo. É que é preciso não esquecer que ainda há bem pouco tempo o Vieira até pediu uma audiência ao governo porque se achava prejudicado pelas arbitragens, o que nessa altura não provocou nem metade do alarido que agora se verifica.
 
Já agora eu também gostava que isto não fosse só barulho e que de Alvalade saíssem algumas sugestões na defesa de questões importantes como a introdução das tecnologias no apoio à arbitragem, o regresso do sorteio dos árbitros, a possibilidade da vinda de árbitros estrangeiros para dirigir os jogo da Liga portuguesa e medidas para tornarem mais transparente as classificações dos árbitros que devem ser publicas
 
O pior é que eu duvido que os efeitos práticos dos protestos do Presidente do Sporting vão para além do visível incómodo que provocam. Para já a nomeação de um árbitro como o Olegário para o clássico de amanhã, é reveladora da falta de vergonha desta gente. Com este artista de apito na boca a barracada é garantida, porque ele para além de incompetente é um dos afilhados predilectos do Garrido e só assim se explica que um árbitro tão fraquinho como este tenha chegado a internacional e até à elite da UEFA. Portanto preparemo-nos para mais uma semana de polémicas.
 
 
 

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