As guerras de Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho tinha avisado que com ele o Sporting passaria a ter um Presidente intransigente na defesa dos interesses do Clube, e a verdade é que dois meses e meio depois de ter sido eleito, já são muitas as guerras em que se meteu. Algumas inevitáveis, outras se calhar nem tanto, mas uma coisa é certa, coragem não lhe falta, embora por vezes solte a língua de uma forma algo  imprudente.

Logo a abrir o Presidente teve de fazer frente a um inacreditável boicote da banca, que mais pareceu uma tentativa de golpe de estado do que outra coisa, e aí foi firme como não poderia deixar de ser, contando com o apoio esmagador dos Sportinguistas,o que obrigou a que o bom senso prevalecesse, embora ainda estejam por conhecer as cedências que Bruno de Carvalho teve de fazer e as suas consequências.

Depois veio o ataque cerrado aos empresários, na sequência do impasse nas renovações de Bruma e Ilori. E aqui mais uma vez me parece que Bruno de Carvalho fez o que tinha a fazer, mesmo que isso possa ter alguns custos para a SAD. Na minha opinião é imprescendivel cortar a direito e já. Se for preciso pôr um destes miúdos um ano a pastar e perdê-lo quase a custo zero, que assim seja. Ficará o exemplo e ganha-se o respeito para o futuro. Esperemos no entanto que haja bom senso.

Já no caso da guerra com o FC Porto a coisa parece-me um pouco diferente, porque se depois daquela caldeirada na Final da Taça de Portugal de Andebol, a suspensão das relações entre os dois Clubes era inevitável, devemos perceber que o que esteve na origem disto tudo foi a transferência de João Moutinho, um assunto onde o que a SAD portista fez, foi apenas aquilo que todos os sportinguistas exigiriam que os nossos dirigentes fizessem se fosse ao contrário, daí que na minha opinião o bate boca que se seguiu me pareça de todo desnecessário, ainda por cima num tom já mais que visto no futebol português, com o Presidente leonino a entrar numa área onde Pinto da Costa é mestre há mais de 30 anos.

Para além disso o Sporting neste momento está  numa posição fragilizada e não vai ganhar nada com esta guerra. Para já eles resolveram atacar um jogador que me parece que não lhes irá servir para nada como é o caso do Josué, só para atrapalhar, mas esperem pela pancada que vai vir mais tarde ou mais cedo e vai doer

Depois tudo indica que o Sporting vai ter de vender alguns dos seus melhores jogadores, pelo que se está mesmo a ver que esses negócios vão ser ridicularizados por Pinto da Costa, que já avisou que está à espera para ver quantos milhões conseguirá a SAD leonina arrecadar com essas eventuais vendas, e já se sabe que nem o Rui Patrício vai deixar nada que se pareça com os 25 milhões que rendeu o Moutinho.


Menos firme foi a posição do Sporting depois da roubalheira do jogo do Estádio da Luz, o que só confirma uma certa aproximação ao Benfica, tal como se depreende das conversas sobre Insúa. Neste caso parece-me que Bruno de Carvalho está a cometer outro erro, de resto recorrente nos últimos anos da vida do Sporting, que tem andado alternadamente de braço dado com um dos seus rivais, como uma espécie de maria vai com todos, sem nada ganhar com isso, antes pelo contrário.

Se as guerras são desaconselháveis, as alianças não o são menos, esperemos pois que Bruno de Carvalho não se meta em lugares apertados, mas para já tem coisa com que se entreter, sem esquecer a AG que aí vem, onde se espera que seja aberto um novo confronto, desta vez com os inimigos internos, quiçá os mais perigosos.

Comentários