As entrevistas de Bruno de Carvalho

Excelente prestação do Presidente do Sporting nas entrevistas que deu recentemente à SIC e ao Record, apesar da evidente falta de preparação de Paulo Garcia, que chegou ao ponto de lhe perguntar se iria despedir Leonardo Jardim se o Sporting perdesse os 3 primeiros jogos do Campeonato. Com um entrevistador destes e perguntas destas, não é fácil passar a mensagem, mas Bruno de Carvalho conseguiu fazê-lo.

Não houve uma única pergunta sobre questões importantes como donde vem e como vão ser utilizados os 18 milhões de novo investimento e principalmente sobre as VMOC's, uma situação que Bruno de Carvalho acabou por tentar explicar, mas por iniciativa própria, já no fim da entrevista, quando embalou para dizer aquilo que achou necessário.

Aqui deve-se dizer que no programa da candidatura da Lista B não há nenhuma referência ao recurso a este instrumento, e que durante a campanha eleitoral Bruno de Carvalho até manifestou algum incómodo em relação às VMOC's existentes, que como se sabe colocam em perigo a manutenção da maioria no capital social da SAD, um risco que agora foi empurrado para 2025, mas que aumentou bastante por via da emissão de mais 80 milhões delas.

Sobre esta questão parece-me que realmente seria preferível que o Sporting mantivesse a maioria da SAD, mas nunca fui fundamentalista em relação a isto, porque a perda dessa maioria parece-me cada vez mais uma situação inevitável, havendo no entanto que ter muito cuidado em relação aos investidores, daí a importância dos tais 18 milhões, que se somados aos 20 já detidos pela tal Holdimo começam a desenhar um cenário perigoso para o Clube.

A aprovação das propostas da Direcção não me parece que esteja minimamente em perigo. Os sócios do Sporting, como os de todos os clubes, tem um longo historial de seguidismo em relação às suas Direcções, e não era agora, ainda por cima com um Presidente eleito à 3 meses e ainda na chamada fase de estado de graça, que iriam agir de uma forma diferente, o que nem faria sentido pois não há alternativas que possam diferir muito disto, que afinal vai na linha daquilo que foi feito pelas últimas Direcções, com a diferença de agora termos um Presidente que parece estar mais preocupado com a defesa dos interesses do Sporting, do que dos interesses instalados, o que já por si é um importante passo em frente.

Donde se poderia esperar alguma oposição prevejo silêncio. Uns porque tem rabos de palha e por enquanto estarão apenas preocupados em escapar às criticas em relação às gestões recentes, ficando pelo menos por agora à espera que a coisa corra mal para atirarem as primeiras pedras, outros, os mais exaltados, ainda estão a engolir em seco isto tudo, porque já perceberam que não difere muito da linha anteriormente seguida, e até porque sabem que a opção que lhes resta é a refundação, uma solução que dificilmente será aceite pela maioria dos sportinguistas.  Esperemos que tudo corra dentro da normalidade e que não tenhamos de voltar a ouvir falar nem de uns nem de outros.

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