A dificil missão de construir o plantel

O arranque da próxima temporada está marcado para o dia 1 de Julho, ou seja, faltam pouco mais de duas semanas, um período muito curto para construir um plantel que dê as garantias necessárias para que Leonardo Jardim possa fazer um bom trabalho.

Na minha opinião nessa altura o plantel deveria estar definido, eu não diria a 100%, porque o mercado só fecha a 31 de Agosto, mas quase, deixando abertas apenas excepções para propostas irrecusáveis ou eventuais acertos de última hora, que se venham a verificar como necessários.

Nesta altura parece-me evidente que o Sporting está à espera de vender para poder comprar, e se por um lado fico muito animado quando leio nos jornais que a SAD leonina se mantém firme e intransigente na relação com o empresário de Bruma e de Tiago Ilori, uma posição que eu espero seja para manter, mesmo que com custos dolorosos, por outro fico assustado ao ler que que jogadores como Rui Patrício e Marcos Rojo podem ser vendidos por valores ridículos, pois tratam-se de dois jovens, ambos internacionais que provavelmente estarão no Mundial do Brasil, donde poderão sair muito valorizados, isto já para não falar no facto de o Sporting nem ser o dono da totalidade dos passes, pelo que dos cerca de 15 milhões de que se fala nesta altura, como preço provável da venda destes dois jogadores, nem metade chegará aos cofres da SAD sportinguista.

Ainda segundo os jornais, o grande problema são os elevados salários que ambos recebem, mas aqui os cortes não podem ser cegos, há que fazer um esforço para preservar o que de melhor temos e assim poder recolher no futuro os frutos desse investimento. É preferível gastar um milhão para assegurar 50% do passe de um jogador como o central argentino e pagar-lhe um bom ordenado, do que vendê-lo por tuta e meia e gastar metade para contratar um central, que por um preço desses dificilmente dará garantias de ser melhor dos que lá temos. É que não é só dizer-se que não estamos em época de saldos, é preciso demonstrá-lo na prática.

Compreenderei que em nome da austeridade se vendam jogadores caros como Miguel Lopes, Stijn Schaars, ou mesmo Diego Capel, por preços que não podem ser muito altos, sendo que no caso do lateral português pode estar aqui uma oportunidade de se dar a resposta adequada ao Pinto da Costa, sem necessidade de se recorrer à conversa da fruta, ou da treta. E mesmo em relação a Labyad, que é um caso muito complicado, pelo elevado ordenado e por ser um jogador com potencial e uma enorme margem de evolução, admito que se corram riscos, pois aqui não há uma solução possível sem margem para futuros arrependimentos, embora neste caso o ideal me pareça ser uma cedência a um clube que queira partilhar esses riscos. No entanto é preciso encontrar esse clube, o que não será fácil.

O grande problema neste momento parece-me ser a contratação de pelo menos um ponta de lança, pois com a venda de Van Wolfswinkel o plantel ficou com um enorme buraco, e já se sabe que este é um mercado caro e muito difícil, o que torna este dossier no mais complicado processo que está nas mãos de Augusto Inácio, porque ele aqui não pode falhar e tem de agir com alguma rapidez. Assim aguardo com grande expectativa esta cartada decisiva, que me parece estar dependente das tais vendas de que tanto se fala.

O resto deve-se compor dentro das possibilidades do Clube, sempre que possível com recurso à prata da casa, e se não houver dinheiro para mais nada, que não se compre mais ninguém, pois antes não fazer nenhum negócio, do que fazer maus negócios, como foram muitos dos que agora fazem parte da pesada herança deixada pela tripla Godinho/Duque/Freitas.

E por falar nisso, os excedentários são outro problema, principalmente os mais caros e difíceis de colocar. Nesta matéria volto a tocar no negócio Miguel Lopes, um jogador cujos direitos económicos são detidos em partes iguais por Sporting e FC Porto, pelo que vejo aqui uma oportunidade para se meter por exemplo um Gelson Fernandes, nem que seja de graça, só para fixar o passe do outro em valores tão baixos quanto possível.

Espero também que não insistam nessa história do plantel com 20+22 jogadores, que será claramente muito curto, até porque há vários jogadores que vão estar nas fases finais das competições do futebol jovem e o campeonato da 2ª liga é muito longo, pelo que nem a ausência das competições europeias justificará essa opção. De resto a experiência da temporada anterior, com a equipa de Juniores a ser muito sacrificada, deverá servir com exemplo para que se tiram as devidas ilações.

É só isto que eu peço para a época de 2013/14, sem exigir títulos ou grandes resultados, e espero também que o apoio ao treinador seja muito firme, principalmente quando a coisa der para o torto, porque temos de uma vez por todas de aprender com os erros que nos trouxeram até aqui, e que se em grande parte foram da responsabilidade de dirigentes fracos e em alguns casos se calhar até desonestos, também não se pode negar o peso da pressão dos adeptos, que muitas vezes se deixaram manipular, sem perceberem que não estavam a ajudar nada, antes pelo contrário.

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