A questão do treinador

Acabei de ver a conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira, onde ficou claro que o Sporting lhe fez uma proposta no sentido da sua continuidade como treinador da sua equipa principal de futebol, e implicito que o acordo não terá sido possível, um defecho que será anunciado quando a SAD assim o entender, não se percebendo bem o porquê deste compasso de espera na divulgação de uma coisa que toda a gente já percebeu, depois dos relatos pormenorizados das reuniões do Professor com Augusto Inácio e Bruno de Carvalho.

Em causa estará aquilo que Jesualdo Ferreira referiu numa anterior conferência de imprensa como uma questão de autonomia que para ele será fundamental, o que aparentemente choca com a estrutura do futebol idealizada pela nova Direcção, algo que nunca foi bem explicado e que ainda hoje está por perceber, numa altura em que aquele que aparentemente será o homem forte do futebol profissional divide o seu tempo entre os treinos no Moreirense e o planeamento da próxima época, enquanto o nome do misterioso 3ª elemento da estrutura, continua escondido vá-se lá saber porquê.

Quando Bruno de Carvalho foi eleito Presidente eu escrevi aqui que Jesualdo Ferreira seria seguramente uma bota difícil de descalçar, dificuldades essas que seriam tanto maiores quanto melhores fossem os resultados obtidos pelo Sporting até ao final da época. O facto da equipa ter falhado a qualificação para as competições europeias, aliviou um pouco este nó górdio que amarrava o Presidente leonino a um treinador com o qual parece que nunca se identificou totalmente, pelo que agora se compreende que a decisão seja escolher outro treinador, mas a ideia que fica é de que houve hesitações e indefinições a mais em todo este processo.

Rei morto Rei posto, o problema agora é escolher outro treinador, uma decisão que irá marcar toda a gerência de Bruno de Carvalho, porque se o sucessor de Jesualdo Ferreira falhar, a factura será sempre imputada um Presidente que tinha uma boa solução em casa e preferiu começar tudo de novo.

Entretanto na imprensa já chovem nomes, isto no meio de uma autêntica charada que implica também a eventual mudança de treinadores nos outros dois grandes, com o Sporting numa aparente posição fragilizada, quiçá à espera das sobras.

Leonardo Jardim é o nome de quem mais se fala, e em relação a todos os outros parece-me claramente a melhor opção disponível, pelo que continuo sem perceber a demora. A não ser que estejam à espera que seja o Pinto da Costa a decidir primeiro.

De resto há vários tipos de opções:
i) as utópicas, que passam pela contratação de um grande treinador, para o qual não há dinheiro, isto já para não dizer que o Sporting neste momento não é um clube atractivo para estes treinadores, entre os quais se poderá incluir o sportinguista Jorge Jesus, que parece que vai ficar onde está e Marcelo Bielsa, que até talvez seja o único suficiente maluco para se meter numa aventura assim.

ii) os saltos no escuro, que implicam a aposta em jovens aspirantes ao já estafado sonho de se encontrar um novo Mourinho. Entre estes destacam-se os nomes da moda: Paulo Fonseca e Marco Silva, o primeiro porque levou o Paços de Ferreira à Liga dos Campeões na sua estreia no escalão principal do português, e o segundo com uma carreira de ano e meio, em que trouxe o Estoril da 2ª Liga até às portas da Liga Europa, embora também haja quem sonhe com Rui Faria, o mais fiel dos seguidores do próprio Mourinho. Enfim custa compreender como é que se pode considerar gente com um curriculo destes, ou seja quase sem curriculo,

iii) os claramente inadequados, se estivermos a pensar em treinadores de segunda linha, sejam eles estrangeiros que não passam de candidatos a novos Frank Vercauteren, ou portugueses do tipo Paulo Sérgio, onde me atrevo a incluir um nome que ainda não foi falado, como é o caso de Vítor Pereira.

Enfim se efectivamente a ideia passa por contratar Jardim eu até compreendo e aceito, só espero é que não se repita o episódio Vilas Boas.

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