Onde é que está a diferença?

Dificilmente na história dos "derbys" lisboetas terá havido um em que o favoritismo atribuído a uma das equipas fosse tão acentuado como era no jogo de ontem à noite, onde toda a gente esperava não apenas uma vitória clara do Benfica, mas principalmente uma superioridade esmagadora, tamanhas eram as diferenças que se diziam estar em campo.

No entanto foi o Sporting que entrou melhor no jogo, com Jesualdo Ferreira a encostar Eric Dier à defesa e a dar amplas liberdades a André Martins, que juntamente com o endiabrado Bruma, pôs a cabeça em água à defesa benfiquista, mantendo em constante sobressalto as enervadas bancadas da Luz.

Durante a primeira meia hora de jogo não só não se viu a tal superioridade do Benfica, como se viu inclusivamente mais Sporting, mas na primeira desconcentração da defesa leonina, Gaitan e Salvio fabricaram um golo que até ali não se justificava, pelo menos naquela baliza, onde Rui Patrício tinha sido apenas um espectador tranquilo.

Com este golo de certa forma percebeu-se que o jogo poderia ter acabado ali, pois a pressão sobre o Benfica ficava em grande parte esvaziada, enquanto os miúdos do Sporting iriam seguramente sentir toque e até poderiam afundar-se. No entanto o Benfica recebeu aquela dádiva com alivio, mas nem por isso foi capaz de aproveitar o natural estremecimento do Sporting, deixando o jogo correr tranquilamente para o intervalo.

Na 2ª parte Jesualdo Ferreira tentou mexer na estrutura da equipa, lançando Stijn Schaars e Valentín Viola, mas Jesus respondeu equilibrando o seu meio-campo e apostando na expectativa de ter mais espaço para aproveitar os habituais erros defensivos do Sporting.

O Benfica passou então a controlar o jogo e o 2-0 acabaria por chegar a 15 minutos do fim, na melhor jogada do desafio, onde o talento dos avançados benfiquistas fez a diferença, dando ao marcador uma diferença exagerada para um jogo que foi quase sempre muito equilibrado, sendo decidido por três factores: a sorte no momento do 1º golo, o talento que fez a diferença no 2º golo e uma arbitragem claramente tendenciosa que não deixou que o jogo tomasse um rumo inesperado.

Nem vou perder tempo aqui a discutir se foram três ou quatro os penaltis que ficaram por assinalar, até porque qualquer uma dessas jogadas me pareceram bem complicadas de analisar, mas a verdade é que tal como nesses lances, o árbitro decidiu sempre a favor do Benfica, não só em situações de dúvida, como também em algumas bastante claras, principalmente no capitulo disciplinar, mas também noutras situações como faltas e cantos. A coisa atingiu uma proporção tal, que durante todo o jogo foram raras e ténues as vezes em que das bancadas saíram alguns protestos perante as decisões deste Capela, que tanto agradou a Jesus.

E por falar no treinador do Benfica de cujo trabalho eu sou admirador, devo dizer que lamento a arrogância que demonstrou no final do jogo. Respeitar os adversários não custa nada e fica bem, principalmente quando se ganha um jogo daquela forma.

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