As primeiras batalhas

Bruno de Carvalho sobreviveu àquilo que aparentemente foi uma tentativa de "golpe de estado" liderada por José Maria Ricciardi, o homem que verdadeiramente manda no Sporting Clube de Portugal, pelo menos desde 2005, e que foi o grande derrotado das últimas eleições, embora mais uma vez não tenha tido a coragem de se assumir como candidato à Presidência, preferindo escolher os seus representantes e ficar a manobrar nos bastidores.

Diga-se que o actual Presidente do Sporting correu enormes riscos ao avançar para esta "guerra" sem nenhum suporte financeiro, apenas sustentado no enorme peso social que o Clube ainda tem no nosso País e terá sido isso que o salvou, obrigando à intervenção de Ricardo Salgado no sentido de se obter um acordo, que pelo menos para já permitiu a sobrevivência da nova Direcção do Sporting a este primeiro embate, que até obrigou o BES a emitir um comunicado de desagravamento em relação a Ricciardi.

Desconheço os contornos do acordo, mas seguramente que não serão os ideais para o Sporting, que se apresentou na mesa das negociações numa situação de grande fragilidade, resultante de estar há muito tempo em incumprimento para com os seus credores e de já ter dado tudo o que tinha para dar como garantia, e de ao mesmo tempo não ter nenhuma alternativa em termos de financiamento.

Assim Bruno de Carvalho foi obrigado a dramatizar, uma estratégia que resultou, conseguindo não apenas que desbloqueassem as verbas necessárias para o cumprimento imediato das obrigações do Clube/SAD, como até fechar a tão falada reestruturação financeira, que terá como palavra de ordem a inevitável austeridade.

Não esperava que esta reestruturação ficasse concluída tão rapidamente, da mesma forma que estou preparado para a inevitabilidade dela trazer algumas noticias desagradáveis, pelo que só tenho de aplaudir a primeira situação e desde que não se ultrapassem certos limites, engolir o resto em seco, mas tal como em relação à estrutura do futebol, acho que este acordo tem de ser rapidamente explicado aos sócios, até para se evitarem especulações.

Durante anos andámos-nos a queixar da falta de informação por parte dos dirigentes do Sporting, que faziam tudo o que queriam às escondidas, e é essa mudança de postura em relação aos sócios que eu agora exijo. Não quero milagres, apenas quero transparência, pelo que se realmente já há um acordo final, que se explique os seus contornos, e se ainda não há, não custa nada dizer qualquer coisa como "foi concluído um acordo de principio, estamos agora a acertar os pormenores e logo que possível os sócios serão informados", o mesmo se aplicando em relação à estrutura do futebol, onde o tal misterioso 3º elemento continua no segredo e já lá vão três semanas desde as eleições. Não custava nada dizer: "estamos a limar arrestas e a estudar o que encontrámos na estrutura do futebol e logo que possível anunciaremos as alterações a introduzir"


Comentários