Sem nada para oferecer


E mais uma semana passou, já lá vão duas desde a entrega das listas, e tudo continua na mesma. A campanha eleitoral vai morna e sem novidades, pelo que a conclusão que tiro é que por enquanto nenhum dos candidatos tem soluções reais para os graves problemas que afectam o Sporting.

A questão financeira é sem dúvida prioritária, tal a gravidade da situação em que o Grupo Sporting se encontra, e aqui Carlos Severino bem pode dizer que é um rapaz obediente e que já arranjou na "sua" banca os 25 milhões exigidos por Godinho Lopes, pois sabe perfeitamente que não vai ganhar estas eleições, onde lhe resta o papel de dizer umas graçolas. Mas com os outros dois candidatos a coisa já fia mais fino.

Já se percebeu que Couceiro não vai querer mexer muito neste assunto, para não ficar marcado como o candidato da banca, mas também me parece evidente que é nisso que ele está fiado, o que não deixa de ser um trunfo junto dos sócios mais conservadores.

Para além disso Couceiro mostra-se receptivo à perda da maioria do capital na SAD, uma situação que vai sempre depender da aprovação numa Assembleia Geral, ou seja, o que ele nos está a propor é mais uma guerra, ainda por cima sem condições para a ganhar, pois nem Soares Franco ou Bettencourt que tinham uma base de apoio muito maior, conseguiram sobreviver à guerrilha de uma minoria que hoje já tem força para ir para a guerra e até para ganhá-la.

Do outro lado da barricada Bruno de Carvalho diz que desta vez não vai apresentar os seus investidores, mas parece que ainda não os encontrou. Se for como o Godinho Lopes, daqui a dois anos ainda estará à procura deles, e nesse caso corremos o risco de depois de termos tido um "bigodes" agora ser a vez de um "barbas".

Atenção que esta comparação não tem nada a ver com questões da vida particular de Jorge Gonçalves ou de Bruno de Carvalho, é apenas a constatação de uma semelhança óbvia entre dois homens que em épocas diferentes representaram a ruptura com poder instalado.

Para além disso Jorge Gonçalves também chegou ao Sporting garantindo que tinha suporte financeiro para o seu projecto, que na altura passava pelo reforço da equipa de futebol com as famosas unhas do leão, hoje não se exige tanto, mas pede-se muito mais, é preciso sair de um estado de falência pré anunciado no meio de uma crise financeira generalizada.

Em 1988 a coisa correu mal a Jorge Gonçalves e o dinheiro não apareceu, foi então que o Presidente do Sporting olhou para o lado e viu que estava praticamente sozinho, restando-lhe o apoio popular de alguns irredutíveis, o que ainda lhe valeu 10% dos votos  nas eleições de 1989.

Essa é uma ferida que ainda não se apagou da memória de muitos sportinguistas e é também por isso que Bruno de Carvalho terá não que apresentar os seus investidores, mas pelo menos que explicar quanto é, quando e em que é que eles vão investir, para além de dar a conhecer as contrapartidas que lhes vão ser oferecidas. Sem essas explicações estará a pedir-nos que assinemos um cheque em branco.

Apesar disto tudo Bruno de Carvalho é provavelmente a nossa última esperança, ou acreditamos que ele será capaz de com o seu carisma reerguer o Sporting, ou então estaremos mesmo condenados à "belenisação". É quase como dar um salto no escuro ou ficar em agonia à espera da morte certa.

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