Uma corrida a dois

Parece que se vai confirmar um cenário que tracei aqui à alguns dias atrás, ou seja não vai haver candidato da continuidade, pois ninguém está para se sujeitar a ser o saco de pancada destas eleições, e a banca também já terá percebido que não vale a pena insistir na linhagem, preferindo agora apostar em alguém mais profissional. Sim porque mesmo não havendo o tal candidato da continuidade, isso não quer dizer que a banca deixe de estar interessada em ter uma palavra a dizer no que diz respeito ao futuro do Sporting.

A dúvida agora é saber se vai haver uma 3ª via, sendo que aqui não estou a pensar num Severino, que se avançar (espero que não), vai limitar-se a fazer a mesma triste figura que Guilherme Lemos fez em 2006, mas neste momento tudo parece apontar para uma corrida a dois, pois a situação está substancialmente pior do que estava à dois anos, quando tivemos 5 candidatos, pelo que Dias Ferreira e Pedro Baltazar parecem não ter condições para repetirem a aventura, enquanto já se diz que Paiva dos Santos vai abdicar em favor de José Couceiro, a não ser que surja uma surpresa de última hora que me parece de todo improvavel.

Diga-se que na minha opinião Couceiro é um bom candidato, pois trata-se de alguém com ideias claras e que conhece muito bem o meio, pelo que se reunir as condições que antecipadamente considerou fundamentais para avançar, até acredito que possa ser uma boa solução, embora o visse mais como o nº 2 de uma Direcção onde ele fosse o homem do Futebol.

De qualquer forma a disputa que parece estar a desenhar-se entre José Couceiro e Bruno de Carvalho, deixa-me relativamente tranquilo em relação a esta longa campanha eleitoral que se aproxima, que terá tudo para correr de uma forma bem mais elevada do que a tristemente célebre disputa eleitoral de 2011.

Não é fácil fazer projecções  para umas eleições de um Clube, mesmo que o último acto eleitoral tenha acontecido à apenas dois anos, de qualquer forma e partindo do principio de que teremos a tal corrida a dois que agora parece desenhar-se, eu diria que Bruno de Carvalho partirá com um ligeiro favoritismo, pois o descontentamento é grande, mas José Couceiro é uma figura bem vista entre a generalidade dos sócios leoninos e também terá condições para dar a volta ao texto.

Á partida Bruno de Carvalho terá a sua base de apoio garantida entre a facção mais radical dos sportinguistas, enquanto José Couceiro vai recolher a aceitação dos sócios mais conservadores, nem que seja por não verem com bons olhos o outro candidato. Mas até aqui poderá haver algum equilíbrio porque se sabe que os sócios mais antigos e tradicionalmente menos abertos à mudança, continuam a ter mais votos do que os mais jovens.

Assim parece-me que a decisão destas eleições poderá estar na capacidade dos candidatos em convencerem uma larga faixa de sócios moderados, que não querem mais do mesmo, mas também não se revêem neste clima de guerrilha que muito tem contribuído para a destruição do nosso Clube.

Se por um lado Couceiro tudo irá fazer para se demarcar da linhagem que tem dirigido o Sporting nos últimos anos, do outro estou certo de que Carvalho também irá tentar dar uma imagem diferente daquela que passou nas últimas eleições, em que acabou por ser empurrado para um extremar de posições, e eu até acredito na sinceridade de ambos, pois se José Couceiro conhece muito bem os terrenos que pisa e não me parece homem para se meter nisto apenas a troco de um bom ordenado, Bruno de Carvalho está longe de ser aquilo que muitos gostavam que ele fosse.

Eu até tenho pena de que eles não se tenham entendido, pois esse entendimento poderia ser determinante para a pacificação que me parece ser fundamental para a sobrevivência do Clube, que não irá resistir muito mais tempo neste clima de eterna guerrilha, no entanto estou à espera para ver o que é que efectivamente os separa.



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