O candidato da banca

É voz corrente que os últimos Presidentes do Sporting foram escolhidos pela banca, e até se diz que foram os credores do Clube/SAD que arquitectaram algumas das já famosas reestruturações financeiras levadas a cabo de 2005 para cá, sempre com Nobre Guedes presente.

De facto Soares Franco estava ligado ao Grupo Espírito Santo e consumou a tão discutida venda do património que era suposto ter reduzido o passivo para valores que tornassem o Clube governável, mas não conseguiu fazer aprovar outras alterações que julgava fundamentais para concluir o seu plano de reestruturação financeira, pelo que decidiu não se recandidatar em 2009.

O senhor que se seguiu também estava ligado à banca e era o menino bonito desta geração de dirigentes. Foi eleito com uma esmagadora votação à volta dos 90%, e nem teve de se esforçar muito, confirmando ter sido a escolha perfeita para quem queria manter a situação vigente, tornando-se no primeiro Presidente do Soprting oficialmente remunerado.

No seu mandato José Eduardo Bettencourt conseguiu finalmente fazer aprovar medidas fundamentais para a reestruturação financeira já há algum tempo planeada em conjunto com os bancos que a financiavam, concretizando uma serie de engenharias que visavam a sustentabilidade económica do Clube e a solidificação da SAD. O que ninguém esperava era que a coisa descambasse como descambou no futebol, o que levou Bettencourt a desorientar-se e a bater com a porta.

Pela primeira vez a posição dominante deste grupo de dirigentes que lidera o Sporting desde 1995, ficou verdadeiramente em causa e é mais ou menos óbvio que Rogério Alves era o escolhido para avançar para umas eleições que já se sabia que iriam ser muito complicadas, mas perante a recusa deste foi necessário recorrer a uma figura da segunda linha e o melhor que arranjaram foi o Godinho Lopes, uma escolha que eu na altura qualifiquei como "pior era impossível".

Nunca se vai saber se Godinho ganhou mesmo as eleições de 2011, mas a verdade é que chegou ao lugar de Presidente numa posição debilitada por essas dúvidas e pelos curtos 36,5% que lhe deram a referida vitória, mas mesmo assim era impossível prever o descalabro que se seguiu, que obrigou Godinho Lopes a demitir-se apesar de todos os esforços feitos para o evitar.

Chegados aqui é fácil perceber que ou a banca avançava com um figurão como seria o Ricciardi, que já se viu que não está para aí virado, até porque teria de apresentar trunfos muito fortes que provavelmente não estarão ao seu dispor, ou então já nem vale a pena sacrificar outra figura de segunda linha, que seria apenas carne para canhão, uma posição em que dificilmente alguém estará disposto a colocar-se.

Portanto é natural que nesta altura nem se oiça falar de nomes que habitualmente surgem sempre nestas situações, como são os casos de Miguel Ribeiro Teles ou Menezes Rodrigues, porque a verdade é que esta dinastia chegou ao fim, o que não quer dizer que a banca não vá ter uma palavra a dizer nas eleições do próximo mês.

Perante esta indefinição em que a banca parece estar à espera para ver quem é que avança, surgem alguns candidatos a candidatos já a piscar o olho aos nossos credores, com Dias Ferreira logo à cabeça, ele que sempre desejou ser o eleito dos donos do dinheiro, mas ou muito me engano, ou ainda não será desta vez.

Um caso diferente é o de José Couceiro, alguém que eu vejo mais como o homem forte do Futebol do que propriamente o Presidente do Clube, mas que já disse que não rejeita nenhum cenário, desde que estejam reunidas todas as condições necessárias, entre as quais naturalmente está a questão financeira. Ou seja está disponível para dar a cara se tiver um respaldo forte.

Sendo assim eu não estanharia se Couceiro aparecesse como o candidato da continuidade, agora com uma roupagem mais profissional e acima de tudo ligada ao futebol, e aqui devo dizer que pela sua clarividência e grande capacidade para expor ideias, seria seguramente um candidato muito forte.

Também não ficarei nada surpreendido se Couceiro for convidado para aparecer como o homem do Futebol noutra lista qualquer, inclusivamente a de Bruno de Carvalho, e conforme já disse anteriormente até acho que essa seria uma boa opção, desde que haja uma sintonia real entre ambas as partes.

Sem dúvida que os próximos dias vão ser muito interessantes na definição de alguns destes cenários.

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